Portugal
"Vamos dizer os casos do Sporting, não é mandar bocas para o ar"
2024-02-15 11:35:00
"Lembro-me do Apito Dourado. A seguir foram missas e padres", recorda ex-dirigente do Sporting Paulo Andrade

César Boaventura foi condenado em primeira instância a uma pena suspensa por ter tentado corromper jogadores para facilitarem, em 2016, em jogos contra o Benfica. O empresário, pela voz do seu advogado, já avisou que vai recorrer da decisão, clamando por inocência, num caso onde os tribunais não encontraram conteúdo para levar a SAD encarnada a tribunal.

Contudo, Paulo Andrade, antigo dirigente dos leões, desafia a justiça desportiva a avaliar e analisar este caso e outros em que o nome do Benfica tem sido envolvido e, até agora, sempre ilibado. Até ao momento, a Justiça não encontrou qualquer tipo de prova para condenar a SAD benfiquista. Mas Paulo Andrade pede à justiça desportiva para fazer algo.

"Os Tribunais têm decidido caso a caso nos inúmeros casos que têm surgido com o Benfica, ultimamente. O que me parece essencial é que a justiça desportiva analise esta situação como um todo, não é caso a caso", desafiou o antigo dirigente do Sporting, não querendo que sejam avaliados caso a caso.

"Não é mandar bocas para o ar, exemplos concretos", desafia Paulo Andrade

"Não há um caso. São ene casos. Tivemos os Vouchers logo de início que os tribunais consideraram que havia de facto vantagens indevidas recebidas por observadores e árbitros mas que não estava, na altura, o crime de recebimento de vantagem indevida consignado na lei", recordou Paulo Andrade, na CMTV, onde prolongou a sua ideia a respeito deste tema.

"A seguir foram as missas, os padres, o Paulo Gonçalves", disse Paulo Andrade, realçando que também aí o Tribunal considerou que "não se podia colocar o Benfica porque não havia provas".

"Paulo Gonçalves trabalhava no Benfica próximo da administração do Benfica. Agora é este caso do César Boaventura em que há três crimes de corrupção ativa na forma tentada, pelos vistos. Ou seja, temos uma quantidade de processos. Depois há o saco azul, há mais uma série deles", referiu o ex-dirigente dos leões.

"E o que eu entendo é que a justiça desportiva tem que analisar isto como um todo. É que não é um caso, são ene casos em que o nome do Benfica indevidamente ou devidamente está envolvido", aconselhou Paulo Andrade, sublinhando que também se recorda de outros casos que envolveram outros clubes no passado.

Paulo Andrade recorda Apito Dourado e o caso de "padres e missas"

"Eu lembro-me muito bem do Apito Dourado. Nunca me esquecerei do Apito Dourado", disse Paulo Andrade. "Nós ouvimos as converas, os depoimentos de antigos árbitros", garantiu o ex-administrador do Sporting, recusando a ideia de que o Sporting possa ter 'telhados de vidro'.

"Eu quero saber quais são as [situações] do Sporting. Não é mandar bocas para o ar, vamos dizer quais são as do Sporting. Mandar bocas para o ar. Exemplos concretos", desafiou Paulo Andrade, apelando a que os organismos que tutelam o futebol europeu e mundial possam analisar estas situações.

"Gostava de ouvir a UEFA e a FIFA", indicou Paulo Andrade, concluindo que o Benfica "está envolvido". "Realmente, diga-se o que se disser, o nome do Benfica está envolvido pelo menos indiretamente, sempre envolvido", terminou.

No caso de César Boaventura, recorde-se, o Ministério Público (MP) não encontrou fundamentos para levar a SAD do Benfica a Tribunal, algo que o especialista em Direito e ex-ministro da Administração Interna, Rui Pereira, admitiu que o MP fez o "o que tinha de fazer".