Portugal
Um Camacho assim incomoda muita gente
2018-08-26 18:45:00
O Nacional soube aproveitar os ataques rápidos e o pouca esclarecimento do Vitória de Setúbal

O mote do encontro entre Vitória de Setúbal e Nacional foi dado logo ao primeiro minuto quando João Camacho aproveitou uma cratera na defensiva sadina para ficar cara-a-cara com Joel Pereira. A bola não entrou, mas depois dessa, outras vieram. A equipa de Lito Vidigal até ia dominou territorialmente, mas nunca conseguiu perceber como evitar os ataques rápidos do conjunto liderado por Costinha. Para a história fica a vitória de uma equipa eficaz e prática diante de um conjunto pouco esclarecido.

Cedo se percebeu ao que vinha o Nacional quando, logo no primeiro minuto do encontro, viu João Camacho penetrar, em velocidade, a defensiva contrária para falhar o golo na cara de Joel Pereira, o guarda-redes que o Manchester United emprestou ao Vitória de Setúbal. Mas o mote estava dado. O irrequieto atacante madeirense voltou a expor as debilidades defensivas sadinas quando se esgueirou pelo lado esquerdo colocando-se, novamente, na cara de Joel Pereira, para, novamente, desperdiçar a oportunidade de inaugurar o marcador.

Por esta altura já se havia percebido que a estratégia de Costinha era aproveitar os espaços, os muitos espaços, que o conjunto sadino ia permitindo no seu reduto mais recuado. Para isso, os insulares permitiram que o Vitória tivesse mais bola em zonas subidas e por isso chegou a correr alguns riscos, sobretudo quando a bola entrava no corredor central, com Rúben Micael e Mendy na construção do jogo ofensivo da equipa de Lito Vidigal.

Contudo, era o Nacional a equipa que melhores coordenadas tinha para encontrar o caminho da baliza adversária e não fosse a demasiada pontaria de Witi, que atirou ao poste depois de mais um erro da defensiva sadina, desta feita foi Nuno Pinto a falhar um corte que parecia fácil, e a deixar o atacante nacionalista na cara de Joel Pereira. Voltou apenas a ser um susto para os muitos adeptos vitoriano que compuseram o Estádio do Bonfim numa tarde de muito calor.

Aliás, foi devido ao muito calor que o jogo baixou de intensidade a partir dos 25 minutos, porque até aí as coisas foram muito animadas. E foi já com o pensamento no intervalo e na golfada de água a beber no balneário que os jogadores do Vitória permitiram o golo de Róchez. E digo ‘permitiram’ porque foi mesmo isso que aconteceu. O avançado dos insulares aproveitou uma bola bombeada para a área para, de cabeça, fazer o golo. Com pouco mais que 1,80 metros, o hondurenho bateu uma dupla de centrais a dormir na área.

E se o empate ia permitindo ao Nacional apostar no contra-ataque, a vantagem deu ainda mais força a Costinha para entregar a bola ao Vitória, recuar o seu bloco e continuar a apostar nas saídas rápidas para o ataque. Os sadinos continuavam a apresentar um futebol estéril em ideias e nunca conseguiram surpreender a defensiva contrária. Os lances de maior perigo da equipa de Lito Vidigal chegavam através de bolas paradas.

E foi já com o Vitória a jogar mais com o coração do que com a cabeça que o Nacional voltou a marcar. Fê-lo na primeira vez que se abeirou da baliza adversária na segunda parte, isto aos 85 minutos. Camacho coroou uma grande exibição com um golo, mesmo que tenha sido na conversão de um pontapé de penálti ganho pelo recém-entrado Bryan Riascos, o possante avançado colombiano lançado por Costinha para o lugar de Róchez.

Este segundo golo do Nacional mostrou que não é preciso atacar muito para se atacar bem. Costinha assumiu, desde o início da partida, que a sua equipa teria de marcar as poucas vezes que chegasse lá à frente. Curiosamente, desperdiçou três grandes oportunidades para se adiantar no marcador em lances para que se havia preparado e acabou por marcar da forma que menos se esperava, num momento em que toda a defensiva sadina estava posicionada.

O Vitória ainda reduziu por intermédio de Éber Bessa na conversão de um pontapé livre, com uma execução ao nível dos melhores, mas nem por isso apagou a pálida exibição da equipa de Lito Vidigal. Os sadino terão de fazer mais e melhor se quiserem viver uma temporada mais tranquila, longe dos lugares de descida. No Nacional, destaque para João Camacho. O atacante foi uma seta apontada à baliza adversária e foi fundamental na estratégia montada por Costinha.