O lançamento de Dário Essugo, de 16 anos, gerou uma onda de elogios ao apoio que o treinador do Sporting, Rúben Amorim, tem dado aos jovens da formação. A aposta tem dado resultados, com os leões a liderarem o campeonato de forma destacada e tendo já conquistado um troféu esta temporada, a Taça da Liga.

No entanto, houve outras apostas na formação que se foram esvaziando quando os resultados deixaram de aparecer. Octávio Machado, antigo jogador, treinador e dirigente do Sporting, lembrou o exemplo recente do rival Benfica. Se agora os adeptos dos leões só comentam a estreia de Essugo, houve um tempo em que os benfiquistas só tinham elogios para Ferro.

“Ferro acabou a época no banco. A ser trucidado. Trucidaram o Ferro. Fez 38 jogos e foi trucidado, se calhar devia ter feito menos”, afirmou o histórico leonino, defendendo que o jovem central do Benfica devia ter sido mais protegido quando começou a ser alvo de críticas.

A aposta nos jovens da formação tem rendido os mais diversos elogios a Rúben Amorim, que ao comentar a estreia de Essugo salientou ser esse “o projeto do Sporting”. Também o Benfica tinha “um projeto” que passava pelo Seixal e que, à falta de resultados, motivou críticas ao treinador Jorge Jesus, como salientou Octávio.

“Qual é o projeto do Sporting? Dizem que o [Luís Filipe] Vieira acusa o [Jorge] Jesus de não apostar na formação, tem sido uma situação de discussão pública. Em relação ao plantel do ano passado, quantos jogadores da formação tem o Benfica? No ano passado, jogavam Rúben Dias, André [Almeida] e Nuno Tavares. Este ano, quem é que joga? O Rúben saiu, o André lesionou-se, joga o Nuno Tavares? Qual é a diferença de uma época para a outra? Porquê tanta discussão?”, questionou Octávio.

Amorim é agora elogiado pelo mesmo motivo que Jesus foi (e é) criticado: os resultados. “Fala-se muito, e bem, da época fantástica do Rúben Amorim, o Sporting vai ser campeão com todo o mérito, mas quando se ganha é fácil falar. No ano passado, quando o Sporting foi quarto classificado, o discurso não passava tão facilmente”, assinalou o ex-técnico leonino.

Os resultados ajudam a “falar” da formação, mas ainda em janeiro o mesmo Sporting deu um sinal contrário quando foi contratar Paulinho, ‘tapando’ a afirmação de Tiago Tomás, jovem atacante formado em Alcochete.

“Se calhar, ao ir buscar o Paulinho, está a tirar o lugar a um jogador da formação. Um jogador que tem sido fundamental no Sporting e que tem sido decisivo nos últimos jogos foi afastado para jogar o Paulinho”, realçou.

Octávio Machado considerou ainda, no comentário para a CMTV, que Rúben Amorim aposta nos jovens porque as limitações financeiras do Sporting condicionaram a formação do plantel para esta temporada. Com os leões embalados para a conquista do título, no próximo ano vão ‘chover’ milhões em Alvalade com o acesso direto à Liga dos Campeões.

“Quem sabe se as ambições do Sporting, em função do dinheiro, sejam maiores e que sejam sacrificados alguns elementos da formação”, avisou Octávio.

Quanto a Essugo, Octávio Machado deixou um conselho: que o jovem não se deixe ‘enganar’ pelos “empresários sanguessugas”.

“Há uma realidade que não podemos deixar de realçar. Um miúdo mostrou algo que a formação tem vindo a perder, que é a paixão pelo clube onde crescem. Muitas vezes, essa paixão perde-se porque os empresários são gulosos. Isso acontece no Sporting, no Benfica, no FC Porto, nos clubes todos. Que este miúdo seja capaz de resistir a não perder essa paixão pelo clube que o criou, que não se deixe envolver por empresários sanguessugas que fazem os jogadores perder essa paixão e respeito pela casa onde foram criados”, finalizou.