Portugal
Tonel, Saleiro e a recusa de Izmailov em jogar frente ao Atlético Madrid
2018-03-16 17:05:00
O Bancada falou com alguns dos intervenientes do último duelo entre Sporting e Atlético Madrid

2009/10. Na primeira mão, em Madrid, o Sporting bateu-se valentemente frente a uma equipa com jogadores do calibre de Agüero, Forlan e Reyes, e nem mesmo a expulsão de Leandro Grimi, aos 31 minutos, fez com que os leões sucumbissem à fúria espanhola. O Sporting, então comandados por Carlos Carvalhal, conseguiu segurar o 0-0 até ao final, sem que antes, Tonel fosse também expulso. Mas esta eliminatória diante do Atlético Madrid ficou marcada pelos acontecimentos da segunda mão: uma grande exibição de Carlos Saleiro, a recusa de Marat Izmailov em jogar e os confrontos entre os adeptos nas imediações do Estádio de Alvalade.

Disputavam-se na altura os oitavos de final da Liga Europa. Os leões tinham eliminado o Everton na ronda anterior e a confiança leonina não esmoreceu depois do sorteio que ditou um duelo com o Atlético Madrid. Os espanhóis eram, então, treinados por Quique Flores e numa fase que tentavam ressurgir depois de alguns anos afastado do topo do futebol espanhol. Para o Atlético, o Sporting foi apenas mais um obstáculo na caminhada que terminou com a conquista do Liga Europa. Mas vamos ao duelo com os portugueses.

A primeira mão, em Madrid, mostrou um Sporting muito pragmático e a expulsão do argentino Grimi, logo aos 31 minutos, complicou ainda mais uma tarefa que por si só não se adivinhava nada fácil. A verdade é que o conjunto liderado por Carvalhal “foi uma equipa muito unida e solidária”, como recordou Tonel, ao Bancada, e conseguiu sair do Vicente Calderón com um empate a zero, o “que, tendo em conta as circunstâncias, foi um resultado positivo”, sublinhou o antigo central que esteve cinco temporadas ao serviço dos leões.

As contrariedades para o Sporting não terminaram com a expulsão de Grimi ainda na primeira parte. Tonel viu o vermelho direto já perto do final do jogo e ficou ali a saber que não poderia contribuir no jogo da segunda mão: “Fui expulso já acabar. Houve uma falta, o Agüero queria bater rápido e meti-me à frente da bola. Ele pisou-me o pé e eu reagi com um empurrão. O árbitro viu e mostrou-me o vermelho direto. Foi uma enorme injustiça”, recordou Tonel.  

Para o antigo jogador dos leões, não há dúvidas, o Sporting vai ter de replicar a exibição que fez há cerca de oito anos em Madrid, até porque a ordem dos jogos repete-se, a primeira mão será em Madrid. “Lembro-me de que nesse jogo não deixámos sequer o Atlético criar oportunidades de golo e o Sporting vai ter de fazer o mesmo desta vez. É claro que marcar é muito bom, mas senão sofrer sabe que pelo menos traz o empate”, sublinhou o defesa central que ficou na bancada no jogo da segunda mão. “Fiquei revoltado, mas são coisas do futebol”, referiu.

A segunda mão ficou marcada pela grande exibição de Carlos Saleiro, pela polémica criada em torno de Marat Izmailov e pelos confrontos entre adeptos portugueses e espanhóis nas imediações do Estádio de Alvalade. Saleiro cumpria a sua primeira época no plantel do Sporting e recordou com o Bancada a parceria que estabeleceu com Liedson na frente de ataque dos leões: “Jogávamos com dois avançados e com o losango no meio campo”, referiu o, então, camisola 9 dos leões que foi titular na partida da segunda mão.

O jogo ficou marcado pela ausência de Marat Izmailov. O russo era um dos jogadores mais importantes na manobra da equipa e Carlos Saleiro recordou que depois do treino do dia anterior nada levava crer que o médio não iria participar na partida diante do Atlético. “O Marat era um dos jogadores mais importantes da equipa e no último treino antes do jogo ele participou e ia ser titular. No dia do jogo apenas soubemos que ele deixou o estádio antes do jogo”, explicou o antigo ponta-de-lança do Sporting.

O caso foi mais tarde abordado por Costinha, na altura diretor-desportivo do Sporting, que explicou a situação que envolveu Marat Izamailov dizendo que o jogador “não atendia as chamadas telefónicas” e que, como tal, “desconhecia o paradeiro do médio russo”.

Carlos Saleiro foi um dos elementos em maior evidência durante a partida da segunda mão. Foi dele a assistência para o golo de Liedson e foi um dos jogadores mais ativos na procura do golo que daria aos leões a passagem à fase seguinte. O problema é que na baliza do Atlético Madrid estava um jovem chamado De Gea. “No início da segunda parte tenho uma oportunidade para marcar e o remate até saiu bem, mas o De Gea fez a defesa da noite e a bola não entrou”, lembrou Carlos Saleiro.

A viagem do Atlético Madrid a Lisboa ficou ainda marcada pelos confrontos entre adeptos portugueses e espanhóis nas imediações do Estádio de Alvalade. Cerca de 100 adeptos madrilenos investiram sobre as instalações da Juve Leo muitas horas antes da partida começar originando confrontos violentos que duraram grande parte da tarde.