As eleições no Benfica estiveram em debate, no programa Trio D’Ataque, da RTP3, neste domingo à noite, dias depois de Noronha Lopes ter apresentado a sua candidatura – granjeando apoios mediáticos, naquela que é considerada a lista mais forte, de toda a oposição a Luís Filipe Vieira.

António Oliveira, antigo selecionador nacional que defende as cores do FC Porto no programa da estação pública, manifestou uma opinião curiosa.

“Se me perguntarem se tenho uma preferência em relação aos candidatos, eu prefiro que seja o Luís Filipe Vieira a ganhar. Para o FC Porto é muito melhor. Mas muito melhor. Indiscutivelmente. Atenção... Tomara que o Vieira ganhe. Nós, com ele, temo-nos sentido muito bem, mas muito bem”, disse.

Uma vez que, no passado, António Oliveira teceu inúmeros elogios a Luís Filipe Vieira, reconhecendo a valia da sua obra no Benfica, o comentador da RTP foi convidado a explicar aquelas palavras.

“Nós, em relação ao Benfica, e em particular à sua estrutura, conhecemos tudo, de cor e salteado. Conhecemos de trás para a frente. Da mesma maneira que o Benfica também conhece a estrutura do FC Porto e os seus mecanismos”, justificou.

Daí que “introduzir gente com esta capacidade” – e aqui Oliveira elogia Noronha Lopes – seria bom para o Benfica. O antigo selecionador confessa que conhece alguns dos nomes que acompanharão o candidato e teme uma mudança.

“Conheço alguns pessoalmente. Têm ideias novas. São gestores com altíssimo nível. Temos a certeza de que eles vão inovar como não se inova em Portugal há muitos anos. Parece que estou a fazer campanha pelo Noronha Lopes, mas não. Eles vão inovar. Tenho a certeza. São pessoas frescas, com ideias novas, grandes CEO de multinacionais, colocados ao mais alto nível. Vêm alterar todo o paradigma”, concretiza.

E por isso António Oliveira, como adepto do FC Porto, preferia que o Benfica mantivesse a estrutura liderada por Luís Filipe Vieira.

“Eu gostaria que Vieira continuasse…”, afirmou, em tom sério. Mas estaria a falar a sério, ou a ser irónico? A questão foi-lhe colocada.

“Mas eu estou a rir? Claro que estou a falar a sério. Eu fui dono da Olivedesportos. Eu lidei com esta gente toda, eu ajudei as campanhas do Benfica enquanto empresa. Estou por dentro dos assuntos do Benfica. Não sou nenhum leigo, não caí agora de paraquedas. É bom que se perceba!”, exclama.  

E por conhecer bem a realidade encarnada, Oliveira reconhece que o atual presidente tem méritos e realizou “um trabalho notável”. No entanto, cometeu erros. 

“Já é repetitivo dizer isto, mas ele agarrou o Benfica de uma situação caótica. De autêntica falência. E recuperou o Benfica financeiramente, recolocando o Benfica na senda no sucesso dos campeonatos. Mas excedeu-se um bocadinho, nos últimos tempos, em que cometeu alguns erros crassos, com influência no bom andamento, no ideal que ele tinha para o Benfica. Houve alguns tropeções, por sua responsabilidade”, diz.

Luís Filipe Vieira “exagerou, em abordagens com treinadores e jogadores” e criou o conceito da hegemonia, que foi prejudicial.

“A história da hegemonia, fez disto uma espalda que ele achou que seria suficiente… E por isso digo que, para nós, portistas, tomara que continuemos a lidar com isto sem alterações. Tomara que não venha alguém que seja capaz de ser mais inovador”, realçou.

O presidente do Benfica, e a sua direção, “estão mais fragilizados, estão mais à mão”, neste momento, em comparação com um passado recente.

E porque é que António Oliveira não apresentou este raciocínio antes de Noronha Lopes se apresentar como candidato? O antigo selecionador faz a pergunta e dá a resposta:

“Porque esta candidatura vai ter algum peso, tirando partido dos erros que a direção do atual presidente cometeu. Mas isto não quer dizer que Vieira não ganhe. Tomara que ganhe. Oxalá. Facilitaria muito mais a vida ao FC Porto, ao próprio Sporting e aos outros clubes”.

Pode ver essa declaração de Oliveira neste vídeo, a partir dos 35 minutos.