Figura histórica do Benfica nos anos mais recentes, Jonas avisou que “é melhor nem passar pela cabeça” da equipa encarnada a aspiração de lutar pelo título nacional, numa altura em que faltam dez jornadas para o final da prova e o Sporting lidera com 13 pontos de vantagem sobre as águias e dez sobre o FC Porto, segundo classificado.
O melhor marcador de sempre na história do Benfica explicou que o Sporting beneficiou do fator “surpresa” para ir escapando aos rivais, embrenhados nas provas europeias. O FC Porto está nos quartos de final da Liga dos Campeões, mas o Benfica já foi eliminado da Liga Europa, podendo focar as atenções no campeonato. Porém, os leões acumularam uma “gordurinha” que será suficiente para manter a liderança nesta reta final.
“Está difícil” para o Benfica sonhar com o título, pelo que “é melhor nem passar pela cabeça” do grupo de trabalho à ordem do treinador Jorge Jesus tal ambição, considerou Jonas, em entrevista ao jornal O Jogo. "Se esperava que o Benfica jogasse mais? Isso é óbvio", acrescentou.
O ex-avançado despediu-se dos relvados, precisamente com a camisola encarnada, em julho de 2019. Desde então, segue com atenção o desempenho das águias, em especial desde que Jorge Jesus regressou ao clube. Jonas salientou que “dois anos sem ser campeão é muito para o Benfica”, pelo que a formação encarnada deve apostar já na preparação da próxima temporada, enquanto luta pelo segundo lugar no campeonato em curso, devido ao acesso direto à Liga dos Campeões.
A viver no Brasil, Jonas acompanha a vida do Benfica, nunca escondendo o amor pelo clube da Luz, ao serviço do qual venceu quatro campeonatos e foi por duas vezes o melhor marcador do campeonato. "As minhas maiores alegrias foram no Benfica, foi onde ganhei mais títulos, foi uma história maravilhosa, um reconhecimento grande, respeito, carinho, amor. Não era um jogador muito forte e dificilmente jogaria até aos 38 anos. Se jogasse mais anos seria no Benfica, isso é muito claro. Foram os melhores cinco anos da minha carreira, isso demonstra bem o que o Benfica representa para mim", comentou.
Na época 2014/15, as águias conquistaram o campeonato com Jorge Jesus no comando técnico. Foi a única temporada em que Jonas trabalhou com o técnico, mas tempo suficiente para ficar rendido: "Ele foi um dos que pediram a minha contratação. Foi muito importante para mim e ficava comigo até nos treinos. Não podia jogar a Champions, porque as inscrições já estavam fechadas quando cheguei, por isso tinha a semana cheia com ele. A equipa jogava para a Champions, eu treinava e ele fazia questão de estar lá e puxar por mim. Na altura pensava: 'Meu Deus, que treino é este?' Mas no fim de semana chegava aos jogos e 'desmanchava' em campo. E aí olhava para ele e pensava: 'Como ele me faz crescer'. Ele faz crescer muitos jogadores".
Entre 2014 e 2019, o antigo dianteiro tornou-se numa figura incontornável do Benfica, sendo mesmo o segundo melhor marcador de sempre das águias, com 137 golos, apenas batido pelos 166 de Óscar Cardozo. O presidente, Luís Filipe Vieira, assumiu publicamente que gostava de contar Jonas na estrutura, como um exemplo para os mais novos (à semelhança de Luisão, o atual diretor técnico das águias), mas o ex-jogador optou por “dar prioridade à família”.