Portugal
"Terrível, desastroso, de difícil explicação". Nação benfiquista perplexa
2017-09-28 18:50:00
"Ninguém estava à espera desta desgraça", lamenta Álvaro Magalhães

Desastroso. Terrível. De difícil explicação. A nação benfiquista está perplexa com a exibição e a goleada de 5-0 sofrida pela equipa liderada por Rui Vitória em Basileia. "Ninguém estava à espera desta desgraça", refere ao Bancada Álvaro Magalhães, um dos históricos laterais-esquerdos dos encarnados, não escondendo a insatisfação face ao momento vivido pelo clube de sempre. "O Benfica foi goleado e o pior é que o resultado é justo perante uma equipa perfeitamente acessível. Não é fácil explicar isto. A equipa falhou no aspeto físico, no aspeto técnico, no aspeto tático."

Álvaro Magalhães classifica a derrota como "desastrosa" e questiona a forma como a equipa sofreu os dois primeiros golos. "Como é possível isto acontecer? Ainda para mais numa equipa como o Benfica, que tem jogadores internacionais? Como pode sofrer um golo dois minutos depois do apito inicial numa enorme falta de concentração em competição tão prestigiante? Como pode sofrer um golo como o segundo em que um canto a seu favor resulta em golo do adversário?"

João Manuel Pinto, antigo defesa-central das águias, refere que o "terrível" resultado até os jogadores deixou surpreendidos. "Foi um resultado pesadíssimo perante uma equipa que estava dentro das possibilidades do Benfica e que nem sequer está a atravessar um bom momento. Sofrer um golo logo aos dois minutos e outro da forma como foi o segundo leva ao desespero como se viu depois com a expulsão do André Almeida."

E agora? Qual a melhor resposta? Álvaro Magalhães não hesita: "A reação tem de ser imediata. Não se pode deixar para amanhã. O Benfica tem de reagir rapidamente. É também por isso que os jogadores são pagos e bem pagos. É preciso não deixar que a instabilidade se instale na equipa. A melhor resposta é falar o menos possível e trabalhar cada vez mais. O Benfica teve uma noite para esquecer, não é o Benfica da Champions, não é o Benfica campeão. Com os jogadores que tem, tem de render muito mais."

Para João Manuel Pinto, o caminho, agora, passa por ganhar o próximo jogo que, por sinal, tem lugar na Madeira, diante do Marítimo, uma das sensações da Liga que ainda não perdeu em casa com Daniel Ramos no comando técnico. "Mais do que nunca a solução passa por ganhar. O jogo com o Marítimo afigura-se muito difícl, pois é uma equipa forte a jogar em casa, mas são os jogadores do Benfica que têm de dar a volta e ganhar. O Benfica só pode ganhar."

Apesar de surpreendido com o resultado, o antigo central recusa falar em crise. "Não há crise nenhuma. O futebol tem destas coisas e o Benfica tem capacidade de mudar as coisas de um momento para o outro. Na Liga dos Campeões, apesar deste desaire, está apenas a três pontos do segundo lugar, e no campeonato está a cinco do FC Porto, que não é imbatível e também vai perder pontos. É preciso não esquecer que estamos apenas em setembro."

As constantes lesões e o facto de jogadores como Pizzi e Jiménez terem chegado mais tarde na pré-época são factores que, no entender de João Manuel Pinto, contribuem para este início de época. "Fejsa, Jardel, Grimaldo, o próprio Jonas, têm tido problemas físicos; Pizzi e Jiménez começaram mais tarde e isso não é fácil de gerir para um treinador." De resto, o antigo jogador dos encarnados lembra saídas importantes como Ederson, Nélson Semedo e Lindelof. "Eram titulares indiscutíveis e ainda por cima todos do mesmo sector."

Saída de Rúben Dias

Álvaro Magalhães não deixou de mostrar-se surpreendido pela facto de Rui Vitória não ter apostado na titularidade de Rúben Dias, como vinha sucedendo nos últimos jogos. "São opções do treinador, mas fiquei surpreendido. Pensava que o Rúben ia jogar, até porque esteve bem quando foi chamado. É um miúdo que se adaptou bem à equipa, um jogador rápido. Gosto muito do Jardel, mas esteve parado algum tempo e não está na condição física ideal. É um central que tem sido muito importante nas últimas conquistas, mas que está de rastos fisicamente, o que é pena."

Em sentido inverso, o antigo treinador adjunto de Giovanni Trapattoni que levou o Benfica ao título na época 2004/05 compreende a aposta em Jiménez em detrimento de Seferovic. "Não me surpreendeu. O Seferovic apareceu muito bem, deve ter trabalhado bastante durante as férias, mas tem vindo a baixar de forma."

João Manuel Pinto, por sua vez, concorda com a saída de Rúben Dias para o regresso de Jardel. "É um dos capitães, um grande central. Imagine que tinha jogado o Rúben. Já estaria crucificado", sublinha, lamentando o sucedido com Bruno Varela. "Depois do que se passou, eu não tirava o Bruno Varela da baliza, mas são opções respeitáveis do treinador, que preferiu apostar no Júlio César após a derrota no Estádio do Bessa."