O treinador do FC Porto lamentou que sejam colocadas perguntas na sala de imprensa focando aspetos que, em seu entender, são "mais negativos", em vez de os temas serem mais relacionados com as circunstâncias do jogo.

Num contexto de pandemia no qual nem todos os jornalistas estão na sala (alguns enviam a sua questão), Sérgio Conceição disse que "normalmente, as perguntas das pessoas em estúdio, e que estão a comentar, são sobre aspetos negativos, ou vão buscar a polémica".

"Tenho respeito pelas perguntas que os jornalistas fazem mas já viram, já reparam", reagiu Sérgio Conceição, dizendo que o questionam para saber "se o rival não sei o quê, se a estrelinha não sei que mais".

E continuou: "São sobre as oportunidades falhadas, não são sobre as oportunidades marcadas, sobre o que fizemos para bloquear o adversário", exemplificou Conceição, perguntando aos jornalistas se lhe sabiam dizer as razões que levam isto a ocorrer.

"Porque é que isso acontece? Eu respondo às perguntas de forma frontal, mas quem gosta de futebol lá em casa quer ouvir falar de futebol, acho", disse o treinador do FC Porto.

De seguida, em relação à ideia de jogo que procura passar aos seus jogadores, o técnico dos dragões recordou que as coisas têm acontecido de forma positiva, lembrando os troféus que tem ajudado a colocar no museu portista.

"Ao fim de três anos, foram dois campeonatos, a Taça e as Supertaças, acho que é positivo", comentou Conceição, compreendendo que os adeptos querem sempre mais.

"Claro que os adeptos querem ganhar todos os anos em todas as competições, nós tambem queremos, mas há adversários que são fortes e colocam dificuldades", disse Conceição.

Em relação ao jogo, o técnico disse que a sua equipa estava preparada para os perigos que o Gil Vicente pudesse criar. "Estávamos preparados para as duas formas [de jogar] do Gil: o sistema 4x3x3, que normalmente apresenta uma linha de cinco [jogadores] atrás, outra de quatro no meio e um avançado na frente. Apareceram nessa forma mais ‘conservadora'. Mas era mais importante o que deveríamos fazer no jogo e mostrar a nossa identidade, que não tem nada a ver com a primeira parte do jogo passado [derrota por 3-2, com o SC Braga].

Em Barcelos, Sérgio Conceição disse que gostou do que viu. "Estivemos iguais a nós próprios, com uma circulação rápida, não só na largura, mas também a atacar as ‘costas' da defesa adversária. Por dentro, era muito difícil atacar. Fizemo-lo bem, com entusiasmo, alegria e prazer no jogo. Poderíamos claramente ter feito mais do que um golo. O Denis foi claramente o melhor jogador em campo na primeira parte."

Quanto aos segundos 45 minutos, Conceição disse que o FC Porto soube reagir à reação minhota. "Na segunda parte, houve uma reação normal do Gil Vicente, sem grande perigo, e fizemos o segundo golo. A partir daí, estivemos sempre mais perto do terceiro golo. Fizemos uma exibição sólida."

Aos jornalistas, Conceição explicou também o que é "jogar ‘à Porto'". "É jogar segundo princípios que, para mim, são básicos no futebol: passam por ser ambicioso, determinado, ter um espírito de sacrifício grande e estar ligado ao jogo. Mas isso é o que todos os treinadores pedem. Tem muito a ver com a forma como se passa a mensagem. No jogo anterior, não conseguimos [expressar esses princípios]. Pena ser um jogo que nos dava um acesso a uma final [da Taça de Portugal]. Fizemos algum trabalho extra [depois desse jogo], mas essa é a nossa vida."

Na sala de imprensa, o técnico dos dragões disse que foi a jogo sem pensar no embate frente à Juventus, da próxima semana, para a segunda mão dos oitavos de final da Champions.

"É impossível preparar dois jogos ao mesmo tempo [a propósito do próximo jogo, com os italianos da Juventus, para a segunda mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões]. Arriscamo-nos a não ganhar nem um nem outro."

O FC Porto regressou às vitórias na I Liga portuguesa de futebol e ultrapassou, provisoriamente, o SC Braga no segundo lugar, ao impor-se por 2-0 no estádio do Gil Vicente, em jogo da 22.ª jornada.