Abel Ferreira está em estado de graça com as recentes conquistas ao serviço do Palmeiras, percorrendo um percurso semelhante, não totalmente igual, ao que Jorge Jesus realizou no Flamengo.

O ex-treinador do SC Braga, que começou a época no PAOK, da Grécia, e terminou no Palmeiras, do Brasil, explica que os portugueses têm de ter a noção daquilo que Jorge Jesus representa para o futebol português. E crê que é preciso dar valor ao atual treinador do Benfica.

"Mourinho desbravou caminho na Europa, Jesus na América. Abriu caminhos para mim e para outros como eu", reconhece Abel Ferreira, dizendo que nunca teve problemas em relação às comparações que lhe iam fazendo em relação ao trabalho de Jorge Jesus pelo Flamengo. 

"A minha perspetiva nunca foi a da comparação, mas sim uma referência", admite Abel Ferreira, explicando que a dimensão humana de Jorge Jesus se vê em gestos nos bastidores que, nem sempre, têm eco a nível público.

"Lembro-me que ele me mandou uma mensagem, tenho de o dizer, e referiu que 'o Maracanã tem de ter lá outro português'. Tenho muito boa relação com o Jorge Jesus. Mantive sempre uma admiração e um respeito muito grande com o Jesus. É uma das referências para os jovens treinadores portugueses", comentou Abel Ferreira.

Em entrevista à RTP, o treinador do Palmeiras diz estar satisfeito no 'verdão' mas não esconde que a vida de treinador é feita de desafios e a qualquer momento pode estar num outro projeto.

Questionado se pretende treinar Benfica, FC Porto ou Sporting no futuro, Abel Ferreira explicou que não gosta de traçar planos e prefere acompanhar aquilo que a vida tem para lhe oferecer.

"Talvez no futuro isso aconteça. Os treinadores não escolhem, ou pelo menos, poucos têm capacidade de escolher mas podem recusar ou aceitar. Quero estar onde querem que eu esteja", disse Abel Ferreira, sustentando que, por vezes, os treinadores sonham com coisas e esquecem-se da realidade.

"Andamos a viver no mundo da fantasia. Eu gostava de...", contou, manifestando ainda um orgulho por "ser português" e por estar a ajudar a projetar o nome do futebol nacional no mundo. 

"Muitas vezes não valorizamos aquilo que é nosso", lamentou Abel Ferreira, destacando que não é em vão que clubes como o Manchester City, Manchester United, Barcelona ou Paris SG contratam jogadores na Liga portuguesa.

"O Rúben Dias, o Bruno Fernandes, o Trincão, o Danilo", enunciou, referindo que Portugal tem talentos para potenciar ainda mais o seu futebol.

Em relação à questão dos treinadores, Abel Ferreira não considera que ser português ajude a ter mais ou menos sucesso no Brasil. "Os treinadores não têm nacionalidade. Há treinadores que foram para o Brasil e triunfaram, outros não, fossem portugueses, espanhóis...".