Duarte Gomes, antigo árbitro internacional, considerou que Adel Taarabt fez uma falta “indiscutível” sobre Gustavo Sauer, num lance que foi referido de forma crítica pelo treinador do Benfica, Jorge Jesus.
Na entrevista rápida após o jogo com o Boavista, Jesus condenou Manuel Mota por ter interrompido o lance, sustentando que os árbitros “se refugiam na lei do contacto” para assinalar faltas quando os jogadores “protegem a bola”, como estaria a fazer Taarabt.
“No futebol, quando há contacto, tudo o que seja lances em que os jogadores estão a cobrir os espaços para o adversário não entrar... [Os árbitros] não entendem nada disto, nunca jogaram, não têm conhecimento do que é o jogo, só conhecem as leis, mas o jogo tem coisas para além das leis”, afirmou o treinador do Benfica, acrescentando que “os árbitros deviam, todos, fazer uma reciclagem”.
No lance em concreto, entre Taarabt e Gustavo Sauer, Manuel Mota decidiu bem, ficando assim ‘dispensado’ dessa reciclagem, no entender de Duarte Gomes.
“Houve de facto alguma revolta em relação à falta de Taarabt sobre Gustavo Sauer que Manuel Mota assinala. Para que fique muito claro, a falta é indiscutível e não merece a mínima dúvida. Ponto. A falta é bem assinalada”, assegurou o analista de arbitragem.
“O Taarabt, num movimento que lhe é habitual, na sua forma de jogar que não é maliciosa nem tem a intenção de atingir os adversários, levanta sempre os braços para proteger a bola. Às vezes, põe-se a jeito, quando levanta os braços para uma zona pouco justificável para a sua ação. No caso concreto, levanta o braço direito um pouco acima do nível do ombro e com a zona do cotovelo atinge o pescoço do adversário”, explicou o ex-árbitro internacional, insistindo que “não há a mínima dúvida de que há falta e que é bem assinalada”.
No entender de Duarte Gomes, “o que provavelmente indignou o Benfica” foi “a reação do Gustavo Sauer, que deixou a sensação de que a falta não existiu”. Com isso, quem ‘levou por tabela’ acabou por ser Manuel Mota.
“Gustavo Sauer esteve francamente mal na sua reação, eu diria que foi altamente antidesportiva, de simulação, de batota, de tudo aquilo que o futebol não precisa”, criticou Duarte Gomes, embora lembrando que casos destes “já aconteceram com muitos outros jogadores de muitas outras equipas”.
“É uma conduta habitual em alguns jogadores, levam toques no peito ou no pescoço e agarram-se à cara para levar o árbitro a agir disciplinarmente, por ventura com cartões vermelhos, simulando que foram agredidos”, reiterou.
Duarte Gomes saiu então em defesa dos árbitros, muito criticados nas últimas semanas – inclusive por Jorge Jesus – pelo excessivo número de faltas que assinalam.
“Isto é aquilo que o futebol não precisa e quando se fala muitas vezes que os árbitros interrompem os jogos com frequência é também por questões como estas, são muitas vezes ludibriados”, frisou.
“O gesto de Taarabt foi imprudente. O cartão amarelo até parece excessivo, como me parece absolutamente ridícula a reação do jogador do Boavista”, concluiu o antigo árbitro internacional.