Portugal
“Substituições do Sérgio foram algo confusas e desesperadas”, diz Maniche
2021-08-24 18:00:00
Ex-médio do FC Porto aponta falhas “constantes” nos dragões na sequência do empate com o Marítimo

O empate do FC Porto na visita ao Marítimo, com os dragões a ficarem com dois pontos de atraso para os rivais Sporting e Benfica logo que terminou a terceira jornada, fez ressurgir uma ligeira contestação interna ao treinador Sérgio Conceição.

As opções do técnico, que nessa partida colocou Marcano como lateral esquerdo, começaram a ser questionadas publicamente por parte dos adeptos portistas, surpreendidos com a condição de suplente a que se viram relegados alguns dos protagonistas da temporada passada, como Corona, Sérgio Conceição e até Zaidu.

Maniche, antiga glória dos dragões, assumiu ter ficado surpreendido com a gestão que Sérgio Conceição tem feito do plantel, em particular por causa das substituições que realizou durante o jogo com o Marítimo.

“Não gostei da forma como o Sérgio fez as substituições, algo confuso e desesperado. Notava-se que não foi trabalho diário, foi em termos de desespero pelo que o jogo estava a pedir, no sentido de que o FC Porto precisava de ganhar”, enquadrou.

“Não havia tática com os jogadores que entraram, notava-se que era mais em desespero do que trabalhado diariamente”, insistiu o campeão europeu de 2004, em comentário no canal 11: “Só a última substituição é compreensível, o Francisco entrou para um contra um, para tentar ganhar uma falta ou desequilibrar e cruzar. Nas outras não se percebia [a intenção]”.

Para reforçar a ideia, Maniche apontou os três jogadores que passaram pela lateral esquerda da defesa após a saída de Marcano: “Ele mete o João Mário na lateral esquerda e depois mete o Fábio Vieira nesse lado. Há uma altura em que troca e baixa o Corona para lateral esquerdo, mais tarde passa o Fábio Vieira para lateral esquerdo. Foi confuso nesse sentido, não entendi o que Sérgio Conceição queria do jogo”.

Mas as substituições não foram o problema do FC Porto na visita ao Marítimo. E também não foi o relvado, muito criticado pelo clube azul e branco antes e, de forma mais reiterada, após o empate nos Barreiros.

“Bateram muito no relvado e não podemos fugir ao assunto, dificultou imenso, em particular na segunda parte. Dificulta sempre à equipa que quer jogar melhor e lutar pelos três pontos. Não vou dizer que o Marítimo jogou à defesa, mas na primeira parte nem existiu, teve uma oportunidade de golo e um outro momento. O que falhou foi o mesmo que falhou ao FC Porto no ano passado”, explicou.

As falhas dos dragões, segundo o antigo médio, são a falta de eficácia e de atitude, com a equipa a “adormecer” assim que se coloca em vantagem no marcador, como já se tinha notado na partida da segunda jornada.

“O FC Porto entra sempre muito bom, com um nível elevado na reação à perda de bola, com pressão alta, criando várias oportunidades, mas depois falha na eficácia. Tem sido isso constantemente. No jogo com o Famalicão foi a mesma coisa. O FC Porto tem que mudar essencialmente os níveis de confiança, de consistência e sobretudo de eficácia. Se fizesse os golos que perdeu na primeira parte teria ganho por três ou quatro”, complementou.

Olhando para a atual equipa portista, Maniche viu Corona ser “uma desilusão” na Madeira e lamentou que o jogo dos dragões esteja dependente das exibições de apenas um jogador.

“O FC Porto, hoje em dia, vive muito à base do que pode fazer Luis Díaz. Mesmo no segundo segundo tempo criou duas ou três oportunidades. À imagem do que se tinha passado com o Famalicão, o FC Porto marca um golo e depois adormece sempre um pouco”, concluiu.