Portugal
Sporting “sente-se protegido” pela lei na falta de pagamento ao SC Braga
2020-04-16 20:15:00
Vice-presidente apresenta argumentos baseados nas novas "circunstâncias"

O Sporting “sente-se protegido” pela lei e assume a falta de pagamento da primeira prestação da transferência de Ruben Amorim como uma “necessidade de gestão” face à pandemia de covid-19, afirmou hoje o vice-presidente Francisco Salgado Zenha.

“A lei prevê que se existirem alterações de circunstâncias críticas, extraordinárias, os próprios contratos possam sofrer alterações. O Sporting sente-se protegido nesta situação”, observou o vice-presidente ‘leonino’ responsável pela área financeira em entrevista à Sporting TV.

Os argumentos já tinham sido invocados pelo dirigente numa entrevista anterior, à SportTV.

Salgado Zenha qualificou de “uma necessidade de gestão, face a uma circunstância completamente imprevisível”, a decisão de não pagar ao SC Braga a primeira parcela do valor acordado para a contratação do técnico da equipa de futebol, notando que “até haver pandemia o Sporting não incumpriu pagamentos”.

“O acordo entre o Sporting e o SC Braga é de 10 milhões de euros [ME], mais IVA, que é um custo dedutível. Qualquer atraso de pagamento que haja, tenha penalidades ou juros, estamos protegidos pela lei, porque as circunstâncias mudaram dramaticamente”, reforçou.

A contratação de Ruben Amorim, em 05 de março, previa o pagamento ao SC Braga de 10 ME (além do IVA da transação, no valor de 2,3 ME), em duas prestações, uma até 06 de março e outra até 05 de setembro, esta acrescida de 155 mil euros de juros.

Apesar de reconhecer a necessidade de reformular o plano financeiro, “rever determinados pagamentos e investimentos”, o administrador da SAD do Sporting lembrou que o clube já cumpriu as regras do ‘fair-play’ financeiro e que, por isso, “não há o risco” de ser impedido de participar nas competições europeias da próxima época.

Salgado Zenha disse que o processo de ‘lay-off’ a 86% dos funcionários do Sporting foi “das medidas mais difíceis” tomadas pela administração presidida por Frederico Varandas e visa permitir que ao clube de Alvalade “passar por esta crise com o menor impacto possível”.

“São medidas necessárias à sobrevivência do clube, um esforço para manter os postos de trabalho. Fizemos para evitar ao máximo despedimentos e para fazer face a um contexto imprevisível, que não está no nosso controlo”, sustentou o dirigente, prevendo que o ‘lay-off’ tenha “um período mínimo de dois meses”.

Salgado Zenha lembrou que a administração da SAD aprovou um corte de metade do vencimento de todos os membros nos meses de abril, maio e junho e negociou com o plantel profissional de futebol uma redução salarial de 40% durante o mesmo período, elogiando a “solidariedade” dos jogadores nesse processo.

“Não nos restou alternativa. (...) Mas não significa, quando fazemos o ‘lay-off’, que não temos dinheiro para chegar ao fim do mês. Temos uma almofada de tesouraria”, advertiu o vice-presidente sportinguista, apontando para a importância decisiva de “preparar o clube para o que vem aí”.

O dirigente ‘leonino’ antevê “um impacto nas receitas” muito negativo, até porque o setor do desporto “não terá uma normalização tão cedo, pelo menos [no espaço de] um ano”, apesar de admitir a possibilidade de a equipa de futebol regressar aos treinos em maio e de acreditar que as competições de 2019/20 vão concluir-se.

“A redução na massa salarial foi significativa e prepara-nos muito melhor, mas não sei se será suficiente. Temos ferramentas para fazer outra redução no próximo ano. Garantidamente, o orçamento [da próxima época] será menor do que o ano passado”, revelou.

Salgado Zenha disse ainda que o Sporting “não vai abdicar” dos 16,5 ME a que o futebolista Rafael Leão foi condenado a indemnizar o clube pelo Tribunal Arbitral do Desporto, no âmbito do processo de rescisão de contrato do atual jogador do AC Milan.