Portugal
Sporting parte com estatuto e um Amorim fiel ao discurso
2021-08-04 11:00:00
Leão defende título conquistado na última temporada

O Sporting parte para a I Liga de futebol 2021/22 com o estatuto de campeão e a mais-valia de ter preservado treinador e plantel, mas as circunstâncias em que essa conquista inesperada e extraordinária ocorreu são irrepetíveis.

Esta época, o Sporting perde, desde logo, o fator surpresa face aos seus adversários, que só numa fase mais avançada do campeonato começaram a ajustar-se às principais valências da equipa de Rúben Amorim, e parte com um grau de exigência e de responsabilidade muito superiores aos da época passada, na qual as expectativas eram muito baixas.

Por outro lado, o regresso do público pode funcionar, numa fase mais adiantada da época, se os resultados não corresponderem às expectativas entretanto criadas, e passada a fase de estado de graça que a equipa vive aos olhos dos adeptos, como um fator de pressão difícil de lidar por uma equipa com muitos jovens, que jogaram pela primeira vez com assistência na Supertaça.

Acresce que o Sporting vai estar envolvido em quatro frentes, uma delas a Liga dos Campeões, cujos jogos são de um nível de exigência incomparável com os das provas nacionais, o campeonato, a Taça de Portugal e a Taça da Liga, ao invés do que sucedeu na época transata, na qual a equipa, com um plantel manifestamente curto, pôde concentrar-se e investir tudo no campeonato.

Em abono do Sporting, o facto de ter mantido – pelo menos, até ao momento – o treinador e os jogadores da época passada, rotinados e entrosados num sistema de jogo que se revelou muito difícil de travar ou neutralizar pelos adversários, mesmo quando os técnicos rivais já estavam identificados com o mesmo, além do natural crescimento e amadurecimento dos vários jovens que fazem parte da equipa.

De resto, a exibição que permitiu ao Sporting conquistar pela nona vez a Supertaça frente ao Sporting de Braga, no sábado, confirmou a sua força coletiva, assente num grau de entrosamento e de automatismos consolidados, e a boa condição física com que a equipa se apresta para ‘atacar’ a nova época.

A situação financeira do Sporting não permite dotar o plantel com os jogadores de que carece para enfrentar época tão exigente, mas a Direção procurou corresponder aos desejos de Rúben Amorim de priorizar alternativas aos dois laterais titulares, Porro e Nuno Mendes, com as contratações de Esgaio e Rúben Vinagre, em duas posições muito exigentes em termos físicos no contexto do 3x4x3 ou 5x3x2 de Rúben Amorim.

Além destes, o Sporting está na iminência de contratar o jovem médio uruguaio Manuel Ugarte, ao Famalicão, o qual, à priori, será para colmatar a saída de João Mário, mas Rúben Amorim pretende mais um central, um extremo e um ponta de lança, dos quais a equipa carece, mas que ficam dependentes de eventuais vendas que permitam um bom encaixe financeiro.

Quem se mantém fiel ao discurso da época passada é Rúben Amorim: “Fomos campeões, mas não mudámos a nossa forma de estar que, a meu ver, e ao contrário do que muita gente pensa, é de muita ambição. Queremos vencer todos os jogos e no fim ganham-se títulos se vencermos os jogos. É isso que vamos tentar fazer”.