O Sporting venceu o Nacional por 5-2, neste domingo, para a Liga Portuguesa. Um resultado que, certamente, surpreenderá quem só viu a primeira parte. Que fique claro: seria absurdo dizer que o resultado não é justo. O Sporting teve oportunidades suficientes para marcar e, valha a verdade, foi quem mais quis atacar a baliza, sobretudo na segunda parte. No entanto, tal como dissemos ontem, no jogo do FC Porto, não seria um escândalo se o jogo tivesse tido um desfecho diferente, tal foi a qualidade do Nacional no ataque à baliza leonina no primeiro tempo (marcaram dois, mas poderiam ter sido três ou quatro). Em quantos jogos, em Alvalade, o Sporting terminou a primeira parte com metade dos remates da equipa adversária? Não foram muitos, certamente.
Hoje, as chaves da reviravolta foram, sobretudo, duas: a eficácia nas bolas paradas – três dos cinco golos foram de bola parada – e a capacidade de "aldrabar" o Nacional. Expliquemos a aldrabice: o Sporting tem trazido, com Keizer, um estilo de jogo assente nas triangulações curtas, rápidas e com movimentações constantes, atraindo os adversários à zona central, para abrir espaços no corredor. Hoje, os leões foram incapazes de aplicar este estilo. Houve menos apoios frontais de Dost, menos dinâmica de Bruno César/Miguel Luís do que de Wendel e menos associações interiores com Nani e Diaby. Ainda assim, fizeram-no, a espaços, como engodo: a seguir a uma ou duas jogadas de combinção curta, na zona central - convidando o Nacional a subir um pouco a linha de pressão -, aplicavam uma bola vertical na profundidade. Este velho truque de "chamar" o adversário antes de lhe "bater" aconteceu várias vezes e permitiu aos leões criarem desequilíbrios mais em jogadas de transição do que propriamente em ataques organizados, de futebol apoiado, como tem sido habitual.
Tirada a fotografia geral ao jogo, importa explicar que, na primeira parte, o Nacional aproveitou muito bem a transição defensiva deficiente do Sporting. Os madeirenses escolheram bem os momentos em que deveriam apertar, em bloco, a primeira fase de construção leonina e conseguiram várias saídas. Mais do que isso: saídas em 5 para 4 e em 4 para 3, aproveitando um Sporting lento e passivo a recuperar. O primeiro golo, aos seis minutos, veio, precisamente, numa jogada em que Camacho, o autor do golo, começou por baixar em apoio e Mathieu, sentindo a defesa mal protegida, optou, compreensivelmente, por não “abafar” o avançado, fazendo contenção. A mobilidade do ataque do Nacional tirou referências de marcação ao Sporting que, quase sempre atrasado a chegar ao homem da bola, ainda viu Palocevic finalizar de cabeça, com marcação passiva, aos 26 minutos. O penálti de Dost, aos 36 minutos, permitiu ao Sporting ir para o intervalo com o jogo em aberto, num simpático 1-2.
A segunda parte trouxe Miguel Luís no lugar de Bruno César e o jovem português, apesar de não ter sido brilhante, acabou por ser mais dinâmico e agressivo, participando na criação de jogo. O Sporting veio mais capaz e, não sendo “papão”, foi encostando o Nacional.
Pausa: se puder, vá ver a finalização de Bas Dost, aos 67 minutos. Não deu golo, mas foi uma finalização de classe mundial.
Por falar em finalização: aos 70 minutos, voltou a tal “aldrabice”: os leões chamaram o Nacional a subir as linhas, com Dost a simular um apoio frontal antes de romper na profundidade. Finalizou Bruno Fernandes, na recarga. Pouco depois, veio o tremendo livre direto de Mathieu e, com o jogo desbloqueado, mais uma vez de bola parada, o Nacional caiu ao chão. Ainda veio o bis de Dost, outra vez de penálti, e o bis de Bruno Fernandes, novamente numa recarga a um primeiro remate.
Os leões não fizeram uma exibição tremenda e o desenrolar do jogo permitiu construir um resultado “mentiroso” e exagerado nos números, mas justo. Para o Nacional resta pensar no que poderia ter sido o jogo com maior eficácia na primeira parte.