Perante o mau momento vivido pelo Benfica, António Simões criticou, em entrevista ao "Diário de Notícias", o planeamento da temporada, nomeadamente no que diz respeito às entradas e saídas de jogadores. "Houve erros que se cometeram, da forma como se ajuizou ou como não se antecipou. Toda a gente sabia que havia jogadores que iam sair, havia que ser mais rigoroso e atento naqueles que entrariam. E eu hoje posso dizer que quem entrou tem menos qualidade do que os que saíram. A partir daqui há um erro de cálculo. Das duas uma: ou há um erro técnico-profissional, de visão, ou há um erro de deslumbramento. O importante é refletir e pensar no que fazer. Este é o desafio para quem tem de tomar decisões. E este é o momento. Agora não há espaço para não se tomar decisões e muito menos para se voltar a errar", disse o antigo jogador, que apontou responsabilidades ao departamento de prospeção do clube. "Até aqui falava-se muito do fantástico scouting, do fantástico Seixal. Então e agora? Não se diz que o scouting falhou? Quem mandou vir o Douglas? Quem mandou vir esse Gabriel? Quem tomou a decisão? Toca de assumir os erros e não voltar a repeti-los. Fala-se muito bem do scouting quando as coisas correm bem e depois é como se o scouting não existisse quando as coisas correm mal."
Simões disse ainda que o Benfica terá de fazer acertos no mercado de janeiro, embora seja "um mercado de segunda mão, um mercado de sobras" e avisa: "se é para irem buscar jogadores sem qualidade, não o façam para dar a sensação de que estão a satisfazer alguém. Não façam isso, não tragam mais jogadores sem qualidade, porque isso já o fizeram".
Caso dos e-mails
Sobre o caso dos e-mails, Simões confessa-se incomodado. "A mim perturbou-me e continua a perturbar", disse o antigo jogador, referindo-se diretamente a Pedro Guerra. "Entristece-me sobretudo ver gente continuar a ter o estatuto de representatividade do clube a quem eu sou completamente alérgico. Às vezes até me dá vontade de dizer um disparate, que pode nem ser um disparate. O Benfica anda à procura de um lateral direito, ponham o Pedro Guerra a jogar. Porque não o põem a lateral direito? Pelo menos por ali ninguém passava, não havia espaço. Tenho vontade de dizer estas coisas. Parece que há reféns disto tudo que está a acontecer e, portanto, ninguém quer tomar decisões. Não quero ver dentro do meu clube gente que não o prestigia. E tenho legitimidade para o dizer", concluiu.