A vitória expressiva sobre o Shakhtar, assinalando com três pontos a estreia na Liga dos Campeões 2023/24, não foi suficiente para acalmar as hostes portistas, num início de época invulgar para o FC Porto.

Ainda na ressaca da polémica troca de declarações entre Rui Moreira e Sérgio Conceição, o treinador dos dragões recuperou o esquema de 4x4x2, depois da surpreendente aposta em três centrais na visita ao Estrela da Amadora. E com o regresso a esse sistema brilhou Galeno, autor de dois golos e uma assistência diante da formação ucraniana.

Miguel Sousa Tavares, conhecido adepto do FC Porto, admitiu que o jogo com o Shakhtar, uma equipa fortemente abalada pela guerra entre Ucrânia e Rússia, surgiu na altura ideal para os dragões, ainda a recuperarem de situações como a venda de Otávio e a ida de João Moutinho para o SC Braga e a recusa de Sérgio Conceição em sair após a expulsão na Supertaça.

“Veio o jogo de Hamburgo, contra um Shakhtar despojado do seu perfume brasileiro de outros tempos e numa postura aberta e ingénua, tão diferente das equipas nacionais do meio da tabela para baixo. Mesmo a calhar para que o ADN europeu do FC Porto, único no panorama português, aproveitasse para uma redenção – para já, provisória”, escreveu Miguel de Sousa Tavares.

Para o jornalista e comentador, a exibição portista diante do Shakhtar foi totalmente inversa à “experiência totalmente falhada e perigosa” de quatro dias antes. Frente ao Estrela da Amadora, “com todos, à exceção talvez do fenómeno Pepe, absolutamente de rastos, denunciando uma condição física abaixo dos mínimos normais”.

“Matriz castelhana que Sérgio Conceição não conhece”

Em artigo de opinião no Record, Miguel Sousa Tavares alertou para os “tropeções” do FC Porto neste início de temporada, até porque Benfica e Sporting se mostram “em curva ascendente”. A falta de rumo dos dragões, com uma “desorganização à vista”, ficou evidente nesse referido jogo com o Estrela, para o campeonato.

A juntar à saída de Otávio e à demora na “integração dos reforços”, o FC Porto perdeu nessa partida Evanilson e Marcano por lesão. E, ao optar por um sistema com três centrais, Sérgio Conceição obrigou Gonçalo Borges e Galeno “a um desgaste absurdo no papel de alas”.

“Sérgio Conceição luta contra o tempo”, explicou: “O tempo necessário para pôr de pé uma outra equipa uma equipa com uma matriz castelhana que ele ainda não conhece bem”.

Para o bem do FC Porto, “entrar a ganhar fora na Champions é um inestimável tónico”. E, “do terrível ciclo de seis jogos em 24 dias, os dois primeiros já lá vão, vitoriosos”, concluiu Miguel de Sousa Tavares.