Antigo vice-presidente do Benfica, José Manuel Capristano recusa entrar no lote de contestatários de Luís Filipe Vieira e Jorge Jesus, assumindo que defende o clube encarnado.

O ex-dirigente entende que, apesar de o clube da águia chegar a esta fase da temporada e estar apenas com a possibilidade de vencer a Taça de Portugal, uma vez que no campeonato a diferença para o topo é grande, Jorge Jesus tem condições para permanecer no cargo.

"Eu acho que o Jorge Jesus tem de ter condições pois tem currículo, credênciais e passado. Não me lembro de ver um jogador que não goste dele", comentou Capristano, lembrando que Jorge Jesus é elogiado pelos métodos de trabalho.

Convidado a tentar justificar os desaires consecutivos que o Benfica tem vindo a obter nesta temporada, que tem decorrido àquem das expectativas, Capristano diz que "o Benfica tem de ir à bruxa" já que "tudo corre mal".

"Enquanto outros clubes nos últimos minutos ganham jogos, o Benfica perde jogos e eliminatórias. Não é só sorte e azar mas também é", analisou o antigo membro dos corpos diretivos da Luz, insistindo que Jorge Jesus deverá manter-se no cargo.

"Para mim, enquanto benfiquista, Jorge Jesus tem todas as condições. Esta época está perdida. Mesmo que o Benfica vença a Taça de Portugal não me irá satisfazer", considerou, porém.

Na CMTV, José Manuel Capristano falou de "vários atropelos" que o Benfica tem vindo a sofrer nesta que tem sido uma época "terrível" mas assegurou que não quer "falar por falar".

Ainda assim, insistiu na lógica de que a covid-19 ajudará a explicar muitos dos desaires do Benfica. "Depois do jogo do Porto trouxemos o comboio pandémico", referiu Capristano, salientando, porém, que a covid-19 não pode ser 'mãe' de todos os males das águias na temporada.

"Eu também não acho que seja só covid-19. Não sou cego", confidenciou Capristano, reiterando que os benfiquistas devem defender Jorge Jesus, apesar dos resultados e das intervenções públicas que o técnico tem tido, que têm sido fortemente criticadas pelo antigas glórias do clube da Luz.

"Tenho amigos que não podem com Jorge Jesus mas dizem-me que, uma vez que ele voltou, têm de o defender", referiu o ex-vice-presidente do Benfica, enquanto que Carlos Barbosa da Cruz, ex-dirigente do Sporting, lamentou que Capristano assuma esta retórica.

"Eu tenho muita simpatia por si mas o senhor, às vezes, lembra-me o ministro da informação do Iraque que quando Damasco [queria dizer Bagdad, capital iraquiana] estava a arder ignorava a situação", disse Carlos Barbosa da Cruz, na CMTV.

Mohammad Said al-Sahaf, porta-voz iraquiano, recorde-se, manteve sempre uma posição confiante e foi negando durante várias semanas que o regime de Saddam Hussein estivesse a cair, isto numa altura em que as tropas norte-americanas e britânicas já começavam a controlar o Iraque, acabando por derrubar Saddam.

Barbosa da Cruz diz que "há um problema grave no Benfica e não é covid-19, arbitragem nem azar". "É falta de categoria", disse Carlos Barbosa da Cruz, destacando que a conferência de imprensa de Jorge Jesus antes do jogo contra o Arsenal, na Grécia, "parecia um comíssio político".