O presidente do FC Porto, Pinto da Costa, criticou o Governo pela demora no regresso dos adeptos aos estádios, lembrando que a restrição vai começar a ser levantada numa altura em que não há futebol. É como “ir à praia em dezembro”, comparou.
“É uma decisão incrivelmente atrasada. Não há nenhuma razão que justifique que só no final de junho se possa ter público nos estádios. Curiosamente, numa altura em que não há futebol. Isto seria o mesmo que dizer que, no dia 15 de dezembro, as pessoas podiam ir para a praia sem distanciamento. Ficaria tudo contente, mas quando chegassem à praia tinham de levar guarda-chuva em vez de guarda-sol”, afirmou Pinto da Costa.
Em entrevista à TSF e Jornal de Notícias, o dirigente portista frisou que o Governo não poderá recuar na decisão, após vários responsáveis terem elogiado a realização da final da Liga dos Campeões – com público – no Estádio do Dragão.
“Não pode haver recuo, porque no período mais agudo da pandemia houve jogos experimentais, da seleção e do FC Porto na Liga dos Campeões, e todos os responsáveis vieram dizer que foram testes altamente positivos”, acrescentou.
Pinto da Costa salientou que os governantes têm sido questionados e não sabem esclarecer os motivos para a demora no regresso do público aos recintos desportivos.
“Ainda recentemente perguntei a um ministro que visitou o Estádio do Dragão qual era a explicação para que o FC Porto não pudesse ter nem sequer as famílias dos atletas no jogo decisivo de basquetebol frente ao Sporting, quando na véspera tinha havido um espetáculo no Pavilhão Rosa Mota com 2500 pessoas. Ele, com toda a franqueza, disse-me que não compreendia. Se o ministro não compreende o que o Governo está a fazer, como vou eu compreender?”, afirmou.
“Sei, por exemplo, que o presidente do Benfica, na final da Taça de Portugal, perguntou ao secretário de Estado de Desporto quando é que íamos ter público no futebol e ele respondeu que não fazia a mínima ideia. Se o ministro da tutela, perante os factos concretos que eu lhe expus, não encontrava explicação e o secretário de Estado da tutela também não sabia quando ia haver público, como vou eu compreender o que pensa o Governo?”, reforçou o presidente dos dragões.
Pinto da Costa lembrou a garantia deixada pela ministra Mariana Vieira da Silva de que “os adeptos ingleses só iam estar 24 horas em Portugal e que havia uma bolha para cada grupo de adeptos”, algo que “não se verificou”.
“Se foi com o intuito de enganar, ou se foi por ignorância, ou se alteraram o que ela disse, isso não sei. Como não foi isso que se verificou, tanto posso dizer que ela enganou os portugueses, como faltou à verdade, para não dizer que mentiu”, complementou.
Pinto da Costa reagiu ainda aos comentários de Rui Rio, ex-presidente da Câmara do Porto e atual líder do PSD, que responsabilizou Rui Moreira, o atual presidente da Câmara do Porto e membro do conselho superior do FC Porto, pelos incidentes com adeptos ingleses que foram registados à margem da final da Liga dos Campeões.
“Os comportamentos do Rui Rio em relação ao desporto são para mim incompreensíveis. A luta que ele faz ao Rui Moreira não é por ser norte/sul ou Porto/Lisboa, é porque vêm aí umas autárquicas em que o Rui Moreira é o candidato favorito”, finalizou Pinto da Costa.