Portugal
"Se fosse numa competição da UEFA estes casos, seguramente, não aconteciam"
2021-04-28 15:35:00
Secretário de Estado da Juventude e Desporto lança desafio à Liga enquanto organizador do campeonato

João Paulo Rebelo, secretário de Estado do Desporto e da Juventude, disse que "nada justifica um ato de violência seja física, seja verbal" e por isso condena os episódios de Moreira de Cónegos, na passada segunda-feira. "É inaceitável que alguém que está a cumprir uma função esteja sujeito a isto", lamentou o governante, rejeitando a ideia de que possa existir um sentimento de impunidade "quando é conhecida a abertura de um inquérito por parte do Ministério Público" e outras ações, como deu conta, realçando a posição da Federação Portuguesa de Futebol. "Não caminhamos para a impunidade mas, sim, para que existam consequências".

Em declarações no Fórum da TSF, o governante salientou ainda que "o Governo já fez a condenação" e ele mesmo tentou fazer algo quando assistiu às imagens que foram transmitidas desde Moreira de Cónegos. "Eu próprio, tive o impulso, imediatamente, de falar com a Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência para perceber se alguma coisa havia a fazer no âmbito desta autoridade, que o Governo criou", disse João Paulo Rebelo, salientando que esta agressão está fora da alçada, deste grupo de trabalho, uma vez que a agressão a jornalistas em trabalho é um crime público e foi aberto um inquérito pela Procuradoria-Geral da República.

O secretário de Estado do Desporto e da Juventude revela ainda que esta agressão ao repórter de imagem da TVI poderá dificultar o regresso dos adeptos aos recintos desportivos. "O senhor primeiro-ministro já expressou a sua vontade e é sabido que até final da época desportiva não teremos público", disse.

E acrescentou: "Facilmente se imaginaria que com o público nas bancadas aconteceriam também, seguramente, coisas nesses locais que não seriam positivas de forma nenhuma, muito menos no contexto pandémico que atualmente vivemos", anotou o governante.

Em relação aos comportamentos que se vão assistindo e quando confrontado se acredita que cenas semelhantes poderiam acontecer e ocorrer em partidas com tutela da UEFA, João Paulo Rebelo disse que tais situações não ocorreriam e deixa por isso um desafio à Liga enquanto organizador das provas.

"Quando ouço dizer que se fosse numa competição da UEFA estes casos, seguramente, não aconteciam, como sabemos bem, devemos fazer uma reflexão indiscutivelmente e eu não fujo a essa questão. [Esta] Deve merecer uma reflexão sobretudo dos organizadores da competição", desafiou João Paulo Rebelo que declarou ainda que este clima deixa o governo preocupado.

Ainda assim, o governante lembra o trabalho que vem sendo feito pela Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência desde que esta entidade foi criada pelo Estado português.

"Enquanto secretário de Estado do Desporto e da Juventude temos tido uma ação. Desde que foi criada a Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência, de facto, os números são impressionantes no que diz respeito a esta autoridade", afirmou, destacando o trabalho desta entidade.

O secretário de Estado do Desporto e da Juventude disse ainda que, nos últimos anos, "tem sido feito um esforço muito grande para que atos desta natureza não sejam continuamente repetidos".