Manuel Vilarinho é um benfiquista com orgulho daquilo que o Estádio da Luz representa para o presente e para o futuro do clube encarnado. O antigo presidente, que deu ordens para a construção do palco da Luz já novo novo século, fala com satisfação sobre a 'Catedral', como os benfiquistas apelidam carinhosamente o seu estádio, que começou a ser construída numa altura em que o Benfica enfrentava problemas financeiros.
"O meu mandato foi muito marcado pelo pagamento de muitas dívidas herdadas do meu antecessor [Vale e Azevedo] enquanto ao mesmo tempo se construía um estádio. Não havia muito dinheiro para investir na equipa de futebol", recorda Manuel Vilarinho.
O ex-presidente do clube da Luz não tem mesmo problemas em admitir que "o Benfica começou a recuperar aí porque nessa altura estava em falência técnica", sendo que os problemas poderiam ter sido piores.
"Se fosse na Alemanha teríamos ido parar à terceira divisão", admitiu o ex-dirigente máximo do Benfica Manuel Vilarinho, em declarações ao jornal A Bola, a propósito dos 20 anos da Luz.
"Não tenho dúvidas", assegurou Vilarinho, explicando que Vale e Azevedo assim deixou o emblema encarnado. "O artista que me antecedeu arranjou certidões falsas para o Benfica poder competir", recorda o antigo presidente, justificando que apenas teve conhecimento disso quando já era presidente das águias.
"Só soube isso já muito depois de ter tomado posse. Nós não podíamos ser inscritos no campeonato! Isso na Alemanha daria um castigo enorme", afiança Manuel Vilarinho, que olha hoje para o Estádio da Luz e vê o palco como uma aposta vencida.
"Se não tivéssemos um novo estádio teríamos ido por aí abaixo", sublinhou Manuel Vilarinho, certo de que, por vezes, olha para a realidade do Benfica e julga que não deve ter sido presidente.
"Às vezes ponho-me a falar sozinho: eu não devo ter sido presidente do Benfica, de certeza", declarou Manuel Vilarinho, lembrando que ninguém o viu a carregar "tijolos às costas", mas teve o seu papel como líder do Benfica na altura em que se estava a edificar a nova Luz.
"Não andei com os tijolos às costas, mas fui o presidente que disse para avançarmos com o estádio. Volto a dizer: o que eu não queria era arranjar uma caldeirada, não queria avançar sem garantias de ter dinheiro".
Para Manuel Vilarinho fica claro que, tal como antes, o importante era saber com que dinheiro o Benfica ia pagar o estádio. "Quem pagaria? Nem a Somague nem a empresa de arquitetura iriam aceitar. Eu não admitiria deixar um calote para outros pagarem, temos de ser sérios e eu sempre fui muito sério no que faço", finalizou Vilarinho.