O treinador e comentador Octávio Machado critica “alguns apressados benfiquistas”, que pretendem eleições antecipadas no clube da Luz e que não aceitam a suspensão do mandato, por parte de Luís Filipe Vieira. Referindo-se a Jorge Mattamouros, advogado que avançou com uma queixa contra Luís Filipe Vieira, Octávio Machado lembrou que há prioridades no clube e a situação atual desaconselha eleições com caráter de urgência.

“O presidente substituto é Rui Costa e a direção votou por unanimidade. Não ouvi nenhum responsável dizer que não iria haver eleições. Aquilo que ouvi dizer, e é real, é que, nesta altura, há coisas importantes: preparar o plantel para a Liga dos Campeões, dar tranquilidade à equipa e o empréstimo obrigacionista. Isto é demasiadamente importante para que algumas pessoas continuem numa guerra constante. Ontem, estive muito atento ao debate que aqui se fez. A doutora Rita Garcia Pereira – insuspeita, por ser adepta do Sporting – desmascarou claramente aquele que aparece como grande protagonista, com conhecimento jurídico extraordinário e que esqueceu algo primário, que é a presunção de inocência”, referiu Octávio, no programa Liga D’Ouro.  

“Tem de haver prioridades no Benfica. E a prioridade é que se acabe este barulho à volta do Benfica. E que os benfiquistas se unam. Depois de tudo estabilizado, que sejam marcadas eleições”, concretizou, mantendo a tónica das críticas num dos principais rostos da oposição a Luís Filipe Vieira.

Octávio considera que um bom começo de época da equipa de futebol do Benfica dará a tranquilidade necessária para o clube resolver os seus problemas. E entende que, caso o Benfica se apure para a fase de grupos da Champions, a oposição a Vieira silencia-se. 

“Se as coisas começarem bem, os Mattamouros dão todos de frosques. Não aparecem mais. E por isso estão a jogar contra o tempo. E toca a instabilizar, para ver se o princípio de época corre mal. E depois aparecem como os donos do castelo”, disparou. 

Mantendo a tónica no advogado que tem sido um dos rostos da oposição a Vieira, Octávio Machado não compreende que a presunção de inocência tenha sido esquecida.  

"Alguns apressados benfiquistas alimentam a teoria de que há uma impossibilidade de se realizarem eleições. Fico surpreendido como o líder dessa contestação deixa, de alguma maneira, o sonho americano, vem para aqui, deixa uma carreira de êxito, só por amor ao Benfica... Custa-me perceber isto. O senhor doutor Jorge Mattamouros esquece o primário. A sede de poder cega as pessoas. Estamos a falar de alguém que apresentou uma ação contra o Benfica. Rita Garcia Pereira desmascarou-o totalmente”, acusou.  

Falando metaforicamente, Octávio Machado comentou a participação de Mattamouros num debate com a advogada Rita Garcia Pereira, na CMTV, no qual a causídica, adepta do Sporting, criticou o seu colega, argumentando que, se pretendesse defender uma instituição, jamais apresentaria um processo onde essa instituição é visada.  

“Assisti a uma tourada, em que o touro entra na arena, varre tudo lá dentro, com uma arrogância enorme, mas depois vai ao picador e fica mansinho. A doutora Rita meteu Mattamouros mansinho. Mansinho”, ironizou Octávio Machado. 

Jorge Mattamouros apresentou uma queixa contra Luís Filipe Vieira, o que também ‘arrasta’ o Benfica. “Isto é uma questão de prioridades entre as pessoas que pensam o clube e aqueles que pensam em si”, criticou Octávio. 

Saliente-se, no entanto, que Mattamouros garante que o seu objetivo, com esta ação, é defender o clube da Luz. “A ação pode ser interpretada como um ato radical. É uma medida séria que ponderei, como benfiquista. Mas não sou um radical. O exercício de poder no Benfica está numa fase em que os órgãos internos já não funcionam minimamente. Na minha avaliação, as últimas eleições demonstraram-no. Podemos gostar de Luís Filipe Vieira e reconhecer mérito. Eu reconheço mérito. Nunca fui um Vieirista porque sempre tive dificuldade em lidar com a forma como eu sinto que Luís Filipe Vieira mente aos sócios. Ele não fala verdade aos sócios, nunca falou, quanto a mim”, explicou recentemente, num podcast de adeptos benfiquistas.   

O facto de o Benfica também ser visado na queixa tem uma explicação. Apesar de ser réu, o Benfica sai protegido, com esta queixa judicial, que visa proteger o clube, segundo Jorge Mattamouros. 

"Embora quem tenha violado as disposições estatutárias tenha sido Luís Filipe Vieira, fê-lo ao abrigo de poderes estatutários. É por isso que o clube tem de ser réu. Mas a ação não serve para atacar o Benfica. Serve para o proteger. O Benfica é parte, mas para o proteger, não porque o clube tenha feito algo de errado. Mas estou a impugnar o ato eleitoral, ilícito, a mando de Luís Filipe Vieira e do anterior presidente da Assembleia-Geral, Virgílio Duque Vieira”, garantiu Jorge Mattamouros.