Rui Costa oficializou a candidatura à presidência do Benfica e está cada vez mais perto de ser legitimado no cargo. O dirigente assumiu a liderança das águias na sequência da detenção de Luís Filipe Vieira, que entretanto viria a renunciar. Resta agora a Rui Costa apresentar os nomes que vão integrar a lista, da qual já se autoexcluíram os atuais vice-presidentes José Eduardo Moniz e Varandas Fernandes.

As decisões de Moniz e Varandas Fernandes “facilitaram a vida” a Rui Costa. De acordo com Vítor Manuel, um dos mais experientes treinadores portugueses, o presidente em exercício do Benfica iria acabar por abdicar dos dois vice-presidentes, de forma a se afastar dos tempos da gestão de Vieira.

“Os dois vice-presidentes já lhe facilitaram a vida, eles próprios demitiram-se, se calhar sabiam [que não iriam fazer parte da lista]. É como os treinadores, muitas vezes facilitam a vida aos presidentes quando percebem que estão a mais, que não são a solução. Isto passa-se também nas direções”, explicou Vítor Manuel.

Moniz e Varandas Fernandes seriam “um problema que o Rui teria de equacionar”, por se tratarem de duas pessoas que “não eram muito bem vistas no seio da família benfiquista”. “O seu papel dentro da estrutura nunca foi reconhecido mesmo nos bons momentos do presidente Luís Filipe Vieira. Nunca caíram no goto dos benfiquistas. Isto solta mais o Rui Costa”, acrescentou o conhecido técnico, em comentário na A Bola TV.

Rui Costa parte com larga vantagem sobre o outro candidato já confirmado às eleições de 9 de outubro, Francisco Benítez, depois de ter sobrevivido a um “apagão” no tempo de Vieira. O ‘maestro’ tem sido “um elemento preponderante e interventivo” no futebol encarnado, mas teve um período em que ficou “sem palco”, como recordou Vítor Manuel.

“Houve ali uma fase de algum distanciamento entre ele e o presidente Luís Filipe Vieira. Rui Costa ficou um bocadinho na oposição, sem palco, mas depois percebeu-se que o presidente Vieira acabou por recuperar o Rui Costa e trouxe-o novamente para a área que ele domina bem, que é o futebol. Houve ali um apagão em determinadas fases, mas depois voltou a ter o seu poder de intervenção e foi um elemento muito importante na gerência do ex-presidente Luís Filipe Vieira, na dinâmica de tudo o que foi o futebol do Benfica”, sustentou.

Numa altura em que o presidente em exercício do Benfica procura a legitimação nas urnas, Vítor Manuel enalteceu a “humildade” de Rui Costa, que soube trabalhar na ‘sombra’ de Vieira e pode agora aproveitar o legado de quem “recuperou o Benfica financeiramente e em termos desportivos”.

“Não podemos ser ingratos e ninguém pode esquecer o trabalho que Luís Filipe Vieira fez. Vi um bocadinho de uma entrevista de Rui Costa na BTV e ele teve esse cuidado de referenciar, com palavras elogiosas, as coisas boas que Vieira fez. Teve a humildade e a capacidade intelectual de se dirigir em termos muito elogiosos a Luís Filipe Vieira. Queiram ou não, gostem mais ou gostem menos, foi Vieira quem recuperou um Benfica que estava quase falido”, insistiu.

A conjuntura “é toda favorável” à eleição de Rui Costa, que tem passado “uma mensagem à Benfica”, dizendo “o que os sócios gostam de ouvir”. “E agora é o momento ideal para ouvirem isto, porque os resultados são extremamente favoráveis”, continuou o experiente técnico: “Os resultados ajudam muito, o Rui tem a vida facilitada, o caminho para a presidência está aberto. Agora tem é que ter muito cuidado nas suas escolhas”.

“A mensagem do Benfica europeu já era transmitida por Vieira, mas agora com o Rui Costa tem outro impacto. O Rui já foi campeão europeu pelo AC Milan, sabe como é que se ganha, sabe quais são as condições que tem que dar ao treinador Jorge Jesus. Todas estas novas aquisições do Benfica têm muito que ver com Rui Costa e Jorge Jesus, foi o crescimento do Benfica para fazer esse apuramento para a Liga dos Campeões e que deu esta estabilidade em que o Benfica está em estado de graça”, finalizou Vítor Manuel.