Portugal
Renato Sanches, o futuro incerto de 'Bulo' depois de dois anos errantes
2018-05-26 18:00:00
Duas épocas para esquecer, no Bayern e no Swansea, levaram o ex-jogador do Benfica do céu ao inferno

Depois de um início de carreira fulgurante no Benfica e de se ter destacado no Europeu de 2016, Renato Sanches, falado como estando perto de regressar à casa de partida, teve duas épocas para esquecer, tanto no Bayern de Munique - que o comprou ao clube da Luz por 35 milhões de euros -, como no Swansea, onde esteve emprestado pelo clube bávaro. Do céu ao inferno em dois anos, e com o futuro incerto, sem saber se vai para o Nápoles (Ancelotti é o novo treinador) ou se o Benfica conseguirá o seu empréstimo, ou se fica no Bayern, eis o percurso recente de 'Bulo', a alcunha que a avó um dia lhe deu.

Passado duas épocas depois de ter saído de Portugal com tudo para brilhar no futebol europeu, o percurso de Renato Sanches dificilmente podia ter sido mais atribulado. O ex-jogador do Benfica não se conseguiu adaptar ao Bayern Munique, e no Swansea, já esta temporada, as coisas não correram melhor. Talvez, então, a solução passe por um regresso a casa. Ou não. Porque segundo as últimas palavras de Karl-Heinz Rummenigge, presidente dos bávaros, Renato é para ser "reabilitado" por...Niko Kovac, o novo treinador do Bayern. "O Renato Sanches vai voltar. O Niko Kovac vai tentar devolvê-lo à sua antiga forma e qualidade. Vai ser um desafio interessante", referiu Rummenigge em declarações ao Müncher Merkur.

As exibições de Renato Sanches no Europeu de França, cuja convocatória para o Euro 2016, segundo alguns analistas, não terá sido alheia à lesão de útlima hora de Bernardo Silva, projetaram-no em definitivo, depois de ter sido fundamental para a conquista do título do Benfica no primeiro ano de Rui Vitória. Com a camisola de Portugal, tornou-se o mais novo de sempre a vencer um Europeu, com 18 anos, e foi eleito o melhor jovem jogador da prova. Apesar da época fulgurante com o Benfica, a sua chamada para França, ainda com idade júnior, esteve longe de ser consensual: tinha disputado apenas dois jogos (particulares) com a seleção, em março, e não se tinha sequer estreado nos sub-20 ou nos sub-21. Mas a atuação no Europeu levou-o a outros patamares. A ida para o Bayern foi o passo seguinte, com o clube bávaro a pagar 35 milhões de euros, que podiam chegar aos 80 milhões se o jogador atingisse determinados objetivos. “Este jogador vale o risco”, garantia o presidente Rummenigge.

Na altura, António Simões, antigo internacional de Portugal, entre elogios a Renato, deixava alguns reparos que se viriam a confirmar. “Tem uma qualidade rara: assim que recebe a bola, vira-se logo para o jogo, procurando lançar o ataque. Enquanto muitos jogadores mais velhos e mais experientes têm uma atitude conservadora, procuram não perder a bola, ele arrisca descaradamente. É este atrevimento num miúdo de 18 anos que o faz especial". Mas Simões deixava reparos. “Tem de ler primeiro antes de executar, perceber qual o caminho que lhe dá mais hipóteses de sucesso. Se o fizer, vai tomar mais decisões acertadas", disse em entrevista ao "Expresso".

Renato Sanches colecionou elogios dos colegas, como Quaresma ("É um craque e merece tudo aquilo que está a viver"), do futuro treinador no Bayern, Ancelotti ("É o melhor jogador deste Europeu, é um fenómeno"), e de muitos adversários, como o guarda-redes polaco Szczesny ("Foi o jogador que mais me impressionou"); mas teve também de lidar com a acusação de Guy Roux, antigo treinador do Auxerre, que recuperou a polémica em torno da idade do jogador ("acredito que tenha 23 ou 24 anos") para tentar desestabilizá-lo antes da final com a França.

No Bayern, jogou pouco e o empréstimo ao Swansea também não foi bem sucedido, onde também foi pouco utilizado, agravado por uma lesão muscular que o afastou da equipa durante dois meses e meio. O possível regresso à casa de partida, ao Benfica, por empréstimo do Bayern, está em cima da mesa. Mas há outros cenários, como o de ser cedido ao Nápoles que acabou de contratar Ancelotti ou ficar no Bayern, às ordens do novo treinador, Niko Kovac. Uma coisa é certa: foram dois anos perdidos para Renato Sanches que passou de estrela em ascensão a jovem promessa adiada.