Sérgio Conceição levou o FC Porto ao título resgatando alguns jogadores emprestados. Esta receita, no Sporting, é possível de ser feita, mas não será tão fácil. É esta a conclusão a que chegamos a partir da análise das temporadas individuais dos jogadores emprestados pelos leões. A propósito, já viu este exercício aplicado ao FC Porto? Vá lá ver.
Numa visão geral, olhando para o lote de 29 jogadores cedidos, atribuímos nota verde a Francisco Geraldes, Héldon, Domingos Duarte, Jefferson e Matheus Pereira e nota amarela a Mattheus Oliveira e Slavchev. Há ainda o caso particular de Carlos Mané. Os restantes, parcas possibilidades deverão ter nos leões, num futuro próximo. A premissa de que não será fácil aplicar a "receita Conceição" é simples: Geraldes pode ter problemas de encaixe no sistema, Matheus terá Gelson à frente e Mané não joga há muito tempo.
Detalhemos os casos mais interessantes. Primeiro, Francisco Geraldes. A temporada no Rio Ave foi boa – bastante boa, até –, e mesmo os números são interessantes: quatro golos e onze assistências. Beneficiou de jogar numa equipa ofensiva e que gosta de dominar o jogo para poder mostrar credenciais úteis no contexto Sporting (ir para uma equipa defensiva e de contra-ataque tê-lo-ia prejudicado). Se o 4x4x2 de Jesus se mantiver, poderá ter problemas para ser encaixado, dado que não é um 8, não é um ala nem é o chamado 9,5. É, sim, um puro 10 que gosta de andar solto, ora a vir buscar jogo atrás, ora a cair na ala. Ainda assim, em jogos de menor exigência, poderá ser o 8 desse sistema. A propósito, já leu o que este rapaz quer fazer?
Segundo, Matheus Pereira. Chegou a receber elogios de Jorge Jesus e não foram em vão. O extremo mostrou qualidade, no GD Chaves de Luís Castro, e, apesar de alguns jogos de excesso de individualismo e de perdas de bola, conseguiu jogar com regularidade e fazer a diferença. Pode ser o backup de Gelson, do lado direito, ou pode ser um ala esquerdo mais criativo do que Acuña. Ainda assim, Matheus gosta é de partir da direita, com pé esquerdo. Nota positiva: nesta temporada, pareceu estar bastante mais agressivo após a perda da bola e bastante mais voluntarioso nas coberturas defensivas. Jesus deve gostar disso.
Terceiro, Domingos Duarte. Esteve em Chaves com Matheus Pereira e formou a sólida e bastante competente dupla de centrais com Nikola Maras (jogador a seguir). Foram 32 jogos, sempre a titular, e Luís Castro chegou a dizer que “o Domingos é um jogador estável e que gera confiança”. Foi precisamente isto que se passou com o jovem central. Uma temporada estável, confiante (dele e da equipa) e com o mais importante: jogos. Ainda assim, a contratação de Marcelo pode complicar-lhe a vida.
No Minho, Héldon, no Vitória de Guimarães, e Jefferson, no SC Braga, mostraram qualidade. Numa nota meramente opinativa, podemos dizer que Héldon mostrou, a espaços, qualidade para ser opção em Alvalade. Muita criatividade, muita qualidade na decisão e forte na finalização. Para já, nenhum deles parece ter hipóteses em Alvalade. Nova cedência ou venda são os cenários mais prováveis.
Há ainda o caso de Carlos Mané, jogador que não fez qualquer minuto em 2017/18, devido a lesão, mas que irá integrar o plantel leonino na próxima temporada. Em 2014/15, chegou a fazer nove golos em 41 jogos no Sporting de Marco Silva.