Portugal
"Receita Conceição", no Sporting, pode ser difícil de aplicar
2018-05-26 11:00:00
Geraldes pode ter problemas de encaixe no sistema, Matheus terá Gelson à frente e Mané não joga há muito tempo.

Sérgio Conceição levou o FC Porto ao título resgatando alguns jogadores emprestados. Esta receita, no Sporting, é possível de ser feita, mas não será tão fácil. É esta a conclusão a que chegamos a partir da análise das temporadas individuais dos jogadores emprestados pelos leões. A propósito, já viu este exercício aplicado ao FC Porto? Vá lá ver.

Numa visão geral, olhando para o lote de 29 jogadores cedidos, atribuímos nota verde a Francisco Geraldes, Héldon, Domingos Duarte, Jefferson e Matheus Pereira e nota amarela a Mattheus Oliveira e Slavchev. Há ainda o caso particular de Carlos Mané. Os restantes, parcas possibilidades deverão ter nos leões, num futuro próximo. A premissa de que não será fácil aplicar a "receita Conceição" é simples: Geraldes pode ter problemas de encaixe no sistema, Matheus terá Gelson à frente e Mané não joga há muito tempo.

Detalhemos os casos mais interessantes. Primeiro, Francisco Geraldes. A temporada no Rio Ave foi boa – bastante boa, até –, e mesmo os números são interessantes: quatro golos e onze assistências. Beneficiou de jogar numa equipa ofensiva e que gosta de dominar o jogo para poder mostrar credenciais úteis no contexto Sporting (ir para uma equipa defensiva e de contra-ataque tê-lo-ia prejudicado). Se o 4x4x2 de Jesus se mantiver, poderá ter problemas para ser encaixado, dado que não é um 8, não é um ala nem é o chamado 9,5. É, sim, um puro 10 que gosta de andar solto, ora a vir buscar jogo atrás, ora a cair na ala. Ainda assim, em jogos de menor exigência, poderá ser o 8 desse sistema. A propósito, já leu o que este rapaz quer fazer?

Segundo, Matheus Pereira. Chegou a receber elogios de Jorge Jesus e não foram em vão. O extremo mostrou qualidade, no GD Chaves de Luís Castro, e, apesar de alguns jogos de excesso de individualismo e de perdas de bola, conseguiu jogar com regularidade e fazer a diferença. Pode ser o backup de Gelson, do lado direito, ou pode ser um ala esquerdo mais criativo do que Acuña. Ainda assim, Matheus gosta é de partir da direita, com pé esquerdo. Nota positiva: nesta temporada, pareceu estar bastante mais agressivo após a perda da bola e bastante mais voluntarioso nas coberturas defensivas. Jesus deve gostar disso.

Terceiro, Domingos Duarte. Esteve em Chaves com Matheus Pereira e formou a sólida e bastante competente dupla de centrais com Nikola Maras (jogador a seguir). Foram 32 jogos, sempre a titular, e Luís Castro chegou a dizer que “o Domingos é um jogador estável e que gera confiança”. Foi precisamente isto que se passou com o jovem central. Uma temporada estável, confiante (dele e da equipa) e com o mais importante: jogos. Ainda assim, a contratação de Marcelo pode complicar-lhe a vida.

No Minho, Héldon, no Vitória de Guimarães, e Jefferson, no SC Braga, mostraram qualidade. Numa nota meramente opinativa, podemos dizer que Héldon mostrou, a espaços, qualidade para ser opção em Alvalade. Muita criatividade, muita qualidade na decisão e forte na finalização. Para já, nenhum deles parece ter hipóteses em Alvalade. Nova cedência ou venda são os cenários mais prováveis.

Há ainda o caso de Carlos Mané, jogador que não fez qualquer minuto em 2017/18, devido a lesão, mas que irá integrar o plantel leonino na próxima temporada. Em 2014/15, chegou a fazer nove golos em 41 jogos no Sporting de Marco Silva.

Casos particulares: Tobias Figueiredo foi cedido, mas comprado em definitivo pelo Nottingham. Iuri Medeiros vai continuar cedido ao Génova por mais uma temporada. Rosell foi vendido ao Orlando City. Spalvis vai ficar no Kaiserslauten.