Portugal
"Readmissão de Bruno de Carvalho deve ser apreciada", diz Samuel Almeida
2020-11-23 11:20:00
"Já passaram mais de dois anos, Bruno de Carvalho foi ilibado e o contexto mudou", reforça o ex-dirigente dos leões

Samuel Almeida, antigo membro do Conselho Fiscal e Disciplinar do Sporting, diz que os associados devem reapreciar o eventual regresso de Bruno de Carvalho ao Sporting.

Depois de ser conhecida a decisão do caso Cashball, a somar ao caso do ataque a Alcochete, em que Bruno de Carvalho viu o seu nome sair ilibado, Samuel Almeida explica que os associados do clube de Alvalade devem analisar e avaliar a situação do ex-presidente verde e branco que foi expulso do cargo e de associado.

O ex-dirigente leonino diz que a bem da "pacificação" do Sporting é necessário que a questão da readmissão de Bruno de Carvalho deva ser "apreciada" em local próprio.

"É de elementar justiça admitir que muitos Sócios poderão ter tomado as suas decisões com base num processo de intenções contra o anterior presidente", assinala Samuel Almeida, em artigo de opinião no jornal O Jogo.

Samuel Almeida salienta que esta "reapreciação do tema seria boa para a pacificação do clube, dando a voz novamente aos sócios" e tal deveria acontecer, porém, "sem medos, mas não agora".

Certo de que este é um tema "polémico" no clube de Alvalde, Samuel Almeida diz que "os Estatutos não podem constituir uma arma de arremesso e usados com dois pesos e duas medidas".

"Já passaram mais de dois anos, Bruno de Carvalho foi ilibado e o contexto mudou", reforça o ex-dirigente dos leões, ainda que entenda que tal não deva ser feito já pois a equipa de futebol profissional segue em primeiro lugar no campeonato.

"Como tenho defendido insistentemente, este não é o tempo de Assembleias em Alvalade, mas sim tempo de darmos a esta equipa de futebol todas as condições para o seu crescimento."

Samuel Almeida diz que é preciso avaliar essa situação no final da temporada. "Deixemos estes temas para o período estival e o final da época desportiva, eis o meu apelo a todos os intervenientes".

Bruno de Carvalho assegurou, recentemente, em declarações no programa de Youtube A união faz a força que só voltará ao clube com uma votação dos associados e não por decisão dos tribunais.

"Jamais voltaria para cargos dirigentes do Sporting por decisão dos tribunais. Se um dia voltar, tem que ser por votação dos associados", assegura Bruno de Carvalho.

Quanto ao caso Cashball, cuja decisão foi avançada na semana passada pela TVI, Samuel Almeida diz que "mostra a decadência de valores em que mergulharam os bastidores do futebol luso".

O ex-diretor verde e branco diz que "isto de desporto tem pouco, é apenas um submundo que rodeia o futebol, com comissões pornográficas a agentes de jogadores, tráfico de influências, transferências pouco transparentes, SADs na mão de capital no mínimo de origens duvidosas."

Para o antigo membro do Conselho Fiscal do Sporting é um "submundo lamentável" que entrou no futebol e que "vive à custa dos clubes e de uma justiça pouco eficiente".

Samuel Almeida aproveita ainda o artigo de opinião no jornal O Jogo para realçar que os sportinguistas podem estar satisfeitos já que nenhum diretor do Sporting foi pronunciado.

"Felizmente para todos os sportinguistas, o clube e seus anteriores dirigentes ficam ilibados de qualquer mácula. E essa é a única boa notícia", realça Samuel Almeida.

Na leitura do acórdão de Alcochete, recorde-se, o coletivo de juízes presidido por Sílvia Pires considerou que não foram provados factos contra Bruno de Carvalho, que liderou os leões entre 2013 e 2018.

Não foi provado que as críticas de Bruno Carvalho nas redes sociais tivessem incentivado os adeptos a agredirem alguém, nem de forma implícita, assim como não foi estabelecida relação de causa e efeito entre a alegada expressão “façam o que quiserem” e o ocorrido na Academia.

Há poucos dias, a outra 'sombra' que pairou sobre a gestão do então presidente, o processo Cashball, também terminou sem condenação. O relatório final da Polícia Judiciária (PJ) iliba a SAD do Sporting, sendo que o único arguido que não foi ilibado é precisamente Paulo Silva, empresário que em 2018 denunciou o caso, quando assumiu ter sido mandatado, através de intermediários, para corromper árbitros de andebol e jogadores de futebol adversários, de modo a favorecerem o Sporting.

De acordo com esse mesmo relatório final da PJ, "é possível verificar que Paulo Silva estabeleceu contactos com jornalistas no sentido de dar uma entrevista sobre os factos em investigação no qual terá sido estipulado uma contrapartida no valor de 30 mil euros (20 mil para falar de futebol e 10 mil por falar do andebol).”