Portugal
“Quis um treinador que não viesse para se mostrar, ganhar algo e projetar-se" 
2021-05-24 19:25:00
António Salvador faz, numa frase, um elogio a Carlos Carvalhal e uma crítica implícita a Rúben Amorim

O presidente do SC Braga, António Salvador, saudou a conquista dos minhotos, diante do Benfica, na final da Taça de Portugal, "num ano de centenário, num ano difícil, pandémico", em que os adeptos não puderam comemorar com a equipa, e destacou os jogadores, os heróis desta conquista. 

Num discurso nos Paços do Concelho, na receção da Câmara Municipal de Braga à equipa, o presidente arsenalista deixou ainda uma palavra especial de agradecimento para Carlos Carvalhal. 

"Grande míster, muito obrigado por ter aceitado o desafio, em ano de centenário. Era o que eu queria. Eu queria ter um treinador da casa, com paixão pelo clube. Eu queria um treinador que viesse para conseguir ganhar e trabalhar de forma apaixonada. E que não viesse só para se mostrar, para conseguir ganhar algo e projetar-se para outros patamares. Muitos daqueles que por cá têm passado assim têm feito, independentemente de terem dado tudo pelo clube", referiu, cruzando o elogio ao técnico com uma crítica implícita a Rúben Amorim. 

Ainda dirigindo-se a Carlos Carvalhal, o dirigente destacou o facto de o técnico ter assumido o desafio “de forma apaixonada”, e não a pensar na carreira. “Você veio, veio para ficar, veio para trabalhar de forma apaixonada por este grande clube”, complementou. 

António Salvador dirigiu-se aos jogadores, que a par da equipa técnica e restante staff são “os heróis desta conquista”. E também aqui houve ima ‘bicada’, com uma alusão às celebrações do título, em Lisboa. 

Quero saudar os heróis de uma conquistanum ano de centenário, num ano difícil, num ano pandémico, onde não pudemos comemorar com os nossos sócios e adeptos, que felizmente tiveram um comportamento exemplar, ontem à noite. Souberam da responsabilidade que o país vive, que têm de ter com os outros e souberam respeitar as regras determinadas pela DGS e pela Câmara. Não se verificaram os problemas de outras zonas do país”, afirmou.  

Salvador perdeu a voz, dominado pela emoção, quando se referiu ao responsável pelo departamento médico do SC Braga, Vítor Moreira. Em causa, conversas madrugadoras, que manifestavam total dedicação para que o plantel não fosse afetado pela covid-19. 

Os jogadores foram os heróis. O mérito é todo deles. Deles, da equipa técnica e de todo o staff que acompanha este grupo, desde a parte diretiva ao departamento médico. E este departamento, em ano de pandemia, de grande trabalho extra, de grandes preocupações, para evitar contágios na equipa. O doutor Vítor, muitas vezes de madrugada e de noite...”, disse, sendo então dominado pela emoção. 

Salvador retomou a palavra para concluir o raciocínio. Falo do coração. Muitas das vezes, de noite e madrugada, falávamos e a preocupação era que os jogadores e o staff estivessem em condições”, afirmou. 

Num olhar à final da Taça, António Salvador enaltece o desempenho dos jogadores: “O que os jogadores fizeram é extraordinário. Nós tínhamos a convicção de que iríamos ganhar. Numa final, é 50 por cento para cada parte, mas depois há a ponta de sorte. E num ano de centenário, houve ainda o trabalho, o querer, a vontade de querer ganhar algo num ano especial 

A Taça de Portugal foi uma grande cereja no topo do bolo, numa temporada à altura de um centenário.  

Fizemos uma época extraordinária. Na parte final, no campeonato, as coisas não correram bem, mas vocês foram criticados injustamente na comunicação social. Tivemos muitos percalços. Muitos jogadores que saltaram fora por lesão e que fizeram falta. Somos todos uma equipa. Os que jogam e os que ficam fora. Só assim formámos um grande grupo, fizemos o campeonato que fizemos e coroámos essa época com uma vitória estrondosa diante de uma grande equipa que é o Benfica”, disse. 

António Salvador lembrou o percurso do SC Braga até à final, sempre elogiando o desempenho dos seus jogadores – e rebatendo as críticas dos encarnados à arbitragem do jogo de ontem.  

“As pessoas têm de se lembrar do percurso que fizemos, desde o Trofense, ao Torrense, ao Santa Clara, ao FC Porto, numa meia-final a duas mãos, no Dragão, com um jogador a menos. Conseguimos eliminar o FC Porto com um jogador a menos, tal como sucedeu ontem, e por isso não compreendo as críticas. Vocês vão ficar na história”, continuou.. 

Salvador considerou que esta foi uma "época extraordinária" para o SC Braga, "apesar da parte final do campeonato não ter corrido tão bem", tendo elencado as várias lesões de alguns jogadores importantes como um dos principais motivos para essa quebra. 

Há quatro anos, disse que queríamos ser campeões até ao centenário, mas nunca prometi nada. Em ano de centenário, ganharam a Taça. Eu acreditava que era possível ganhar o título de campeão, nunca o prometi, mas ganhámos a Taça de Portugal, a taça do povo, a taça dos adeptos, a prova rainha que todos os adeptos gostariam de estar a festejar", concluiu Salvador.