O Benfica ainda pode conquistar a Taça de Portugal e posteriormente a Supertaça, assim como terminar o campeonato no segundo lugar, garantindo o acesso direto à Liga dos Campeões, mas o treinador Jorge Jesus já assumiu que esta é “uma época perdida”, mesmo que esses objetivos para esta ponta final da temporada venham a ser alcançados.
E trata-se de “uma época perdida” devido à covid-19, um adversário invisível, como Jesus afirmou nas declarações a seguir ao clássico com o FC Porto, para a 31.ª jornada da I Liga: “É uma época perdida na minha carreira desportiva. Mas sei porque estou neste lugar. Eu conheço os meus adversários, mas este ano nunca o vi. Nunca o vi e também o tive. Mas sobre isso não quero falar mais”.
Não quer Jesus, mas quer Jorge Andrade. O treinador e antigo internacional português não gostou que o técnico do Benfica menosprezasse o trabalho de Rúben Amorim, que se prepara para levar o Sporting a um título que foge aos leões desde 2002, e até de Sérgio Conceição, que se prepara para garantir o acesso direto do FC Porto à fase de grupos da Liga dos Campeões.
“Jorge Jesus podia fazer um discurso diferente. Quando diz que foi derrotado por um adversário invisível está a tirar valor aos outros treinadores que estão também a competir contra ele. Ele [Jesus] perdeu contra outras equipas”, salientou o antigo internacional português.
A covid-19 foi “influente” na prestação desportiva do Benfica, fator que Jorge Andrade reconheceu, tanto mais que também esteve infetado. “Claro que esse foi um adversário influente. Em termos físicos, a equipa baixou de rendimento. Eu tive covid-19, sei o q é sentir na pele essa situação”, realçou, ao comentar as declarações de Jesus, na RTP3.
No entanto, o Benfica ficará atrás dos dois rivais, Sporting e FC Porto, que têm como treinadores antigos jogadores de... Jorge Jesus. “Rúben Amorim e Sérgio Conceição foram jogadores de Jesus. Qual é o problema de dar o mérito aos colegas de profissão? Depois de tantos anos de carreira, já está na altura de dar mérito aos outros, visto que foi derrotado por um vírus, mas também pelos colegas dentro do campo”, insistiu.
A nível profissional, Jesus é um exemplo para qualquer treinador português. O problema está no discurso, com o técnico do Benfica a procurar colocar-se sempre num patamar acima dos colegas, segundo Jorge Andrade. Rúben Amorim e Sérgio Conceição “não têm culpa que os plantéis estivessem mais saudáveis”, acrescentou: “Depois de tudo o que já ganhou (quase que lhe fizeram uma estátua por tudo o que conquistou), não pode dar mais peso ao adversário invisível do que que aos outros adversários”.
“Quando planeou a época, se calhar ia jogar com quatro defesas e teve que corrigir a meio por causa do Lucas Veríssimo. Foi uma grande contratação, mas se as coisas resultassem logo ao principio o Lucas Veríssimo não seria necessário, visto que foram muitas contratações. Corrigir a estratégia demorou muito tempo e esse tempo foi aproveitado pelos rivais para estarem superiores ao Benfica”, finalizou Jorge Andrade.
