Foi há mais de um ano, mas pouco terá sido igual para Nélson Oliveira, por Norwich, desde o primeiro dia da temporada da época passada. Ou do primeiro jogo oficial da época, talvez seja mais correto dizer-se. Depois de substituir Cameron Jerome aos 64 minutos da visita do Norwich City ao terreno do Fulham, Nélson Oliveira foi decisivo na equipa dos Canaries ao apontar o golo que valeu o empate ao Norwich City, já em cima do apito final do encontro. Nélson Oliveira festejou efusivamente, tirou a camisola, correu na direção de Daniel Farke e basicamente “esfregou” o seu nome na cara do técnico alemão. Se na temporada passada Nélson Oliveira ainda teve algumas oportunidades, em 2018/19 o avançado português desapareceu.
Se o desaparecimento de Nélson Oliveira está ainda relacionado com uma possível relação conturbada com Daniel Farke, treinador alemão que ainda dirige a equipa do Norwich e que este fim de semana alcançou o topo da tabela na segunda divisão inglesa contra grande parte das previsões - o Norwich é mesmo a equipa em melhor forma da competição por esta altura -, só os próprios saberão. Farke tem sido evasivo em relação à utilização de Nélson Oliveira, ou à falta dela, e o certo é que em 2018/19 o avançado português ainda não conta qualquer minuto ao serviço da equipa principal do Norwich City, seja em que competição for.
Com apenas uma derrota nos últimos dez jogos e com sete vitórias no Championship nesse período, o Norwich City é a equipa em melhor forma da competição saltando de um perigoso 17º lugar à sétima jornada para a liderança, este fim de semana, após uma goleada imposta ao Sheffield Wednesday em pleno Hillsborough. Durante este período, os Canaries e Daniel Farke não contaram com a ajuda de Nélson Oliveira que apesar de ter sido presença assídua na equipa do Norwich City na temporada passada, esta época, o avançado português de 27 anos conta apenas duas participações pela equipa Sub-23 do clube, ambas relativas já a setembro apesar de ter estado saudável em termos físicos durante toda a temporada.
Nélson Oliveira não esteve sequer com a equipa do Norwich City que viajou para a Alemanha na altura da pré temporada, altura em que Daniel Farke endereçou o assunto ainda que de forma evasiva. “O Nélson faz parte do grupo, apenas decidimos não o ter aqui connosco. Queremos construir uma grande coesão de grupo e torná-lo mais unido”, afirmou então o técnico alemão, declarações que abrem espaço a diferentes interpretações, entre elas, uma relação conturbada entre técnico e jogador que talvez explique o desaparecimento de Nélson Oliveira.
Isto, depois de uma temporada em que Nélson Oliveira participou em quarenta jogos da equipa do Norwich City, e na qual apontou oito golos e três assistências. Em 2017/18, Nélson Oliveira esteve mesmo em destaque durante o início da temporada com quatro golos nos primeiros seis jogos no Championship, tendo sido quase sempre utilizado por Farke durante a temporada e terminando mesmo a época a ser utilizado nos oito jogos da época. Em 2017/18, aliás, Nélson Oliveira foi mesmo o décimo jogador mais utilizado por Daniel Farke na segunda liga inglesa.
Esta temporada, porém, com as chegadas de Teemu Pukki e de Jordan Rhodes a Carrow Road, Nélson Oliveira perdeu espaço, ainda para mais com ambos os avançados a mostrarem serviço e a regressarem a períodos áureos e prolíficos da carreira. Sem surpresa, ambos são os melhores marcadores da época surpreendente do Norwich City pelo Championship. Há, ainda, outra razão importante que pode explicar o desaparecimento de Nélson Oliveira da equipa do Norwich e das opções de Daniel Farke e tudo está relacionado com o projeto existente em Carrow Road aliado às regras da própria segunda liga inglesa.
A chegada de Daniel Farke ao Norwich motivou uma aposta de grande fulgor no mercado continental, especialmente no mercado alemão, e a Carrow Road, nos últimos meses, têm chegado vários nomes não ingleses ao plantel dos Canaries. Num plantel composto por 26 jogadores, quinze deles não são britânicos o que face às regras impostas pela Football League torna mais complicada a escolha de Daniel Farke na altura de definir os convocados para os jogos do Norwich City no Championship.
Dizem as regras da Football League para o Championship que as equipas são obrigadas a nomear sete jogadores formados no país, Inglaterra, nos dezoito convocados para cada jogo. Além dos não britânicos presentes no plantel dos Canaries, vários são ainda britânicos não ingleses o que torna a coisa ainda mais complicada de gerir para o técnico alemão. Em caso de não conseguir nomear sete jogadores formados em Inglaterra, os clubes só podem ter seis suplentes no banco e correm ainda o risco de sofrer multas por falhar a regra. Frente ao Sheffield Wednesday esta semana, por exemplo, o Norwich City esteve próximo de não conseguir cumprir com esse requisito devido à indisponibilidade de Rhodes por estar emprestado pelo Wednesday e face às lesões e problemas físicos de Louis Thompson, Todd Cantwell e Jamal Lewis.
Timi Odusina e Alfie Payne, membros da equipa Sub-23 do clube, acabaram por ter de ser chamados à equipa principal e são este tipo de circunstâncias que têm limitado a utilização de Nélson Oliveira esta temporada no Norwich City. Isto, claro, se o problema não for mais profundo e o avançado português esteja mesmo de costas voltadas com o atual técnico. Dada a boa forma do Norwich, Nélson Oliveira talvez venha a ter de prosseguir a carreira fora de Carrow Road numa altura em que tem contrato com o clube até ao final da temporada 2019/20. Em tempos uma das grandes promessas do futebol português, Nélson Oliveira está desaparecido por Norwich.
