Portugal
Problema do Vitória de Guimarães está no plantel, não em Pedro Martins
2017-11-12 14:00:00
Laureta e Quim Berto defendem Pedro Martins, justificando a má época com as saídas de jogadores num ano com Liga Europa.

Depois da derrota por 4-1, em casa, frente ao UD Oliveirense em jogo da Taça da Liga, o treinador do Vitória de Guimarães, Pedro Martins, admitiu a hipótese de ser ele o problema. No entanto, Quim Berto e Laureta, antigos jogadores do clube, defenderam o treinador, em declarações ao Bancada, e atribuíram as dificuldades à saída de jogadores importantes, numa época em que há mais competições.

 “Força para continuar? Eu tenho muito força, estou mais introspetivo nesta altura, se eu for um problema para o Vitória... não têm qualquer problema comigo, porque gosto demasiado deste clube e sou um homem de responsabilidade”, disse Pedro Martins na conferência de imprensa, após a derrota de sábado. Mas, para Laureta, “Pedro Martins não é um problema. O Pedro estava a quente, frustrado em função de os seus atletas não corresponderem ao que ele esperava e falou a quente, muito em cima do jogo, e foi mais pela emoção. Foi um desabafo. O Pedro está imbuído do espírito que tinha no ano passado, com ganas de fazer tão bom ou melhor do que no ano passado”, garantiu Laureta, que atribuiu as declarações do técnico à “frustração por um jogo muito mau, com um resultado exagerado. Estou convencido de que o Pedro hoje já pensa de outra forma. É o timoneiro e, como tal, tem de comandar as tropas e estar sempre por cima e, acima de tudo, com moral. Não está nada perdido, é os jogadores unirem-se, continuarem a trabalhar como até aqui, com humildade, e no final é que se fazem as contas.”

Também Quim Berto, que jogou com Pedro Martins no Vitória e no Sporting, considera que “o problema nunca foi o Pedro. Arranjar agora culpados é muito fácil, toda a gente agora é treinador, toda a gente critica, mas esquecem-se daquilo que este treinador fez no ano passado. Bateu vários recordes e este ano não o está a fazer porque perdeu muitos jogadores influentes, bastantes titulares e hoje o Vitória está a pagar essa fatura. Porque os jogadores que entraram, tirando um ou outro que vieram acrescentar qualidade, há muitos jogadores que estão abaixo do que são as pretensões do Vitória”, justificou o antigo defesa lateral, antes de relembrar os méritos de Pedro Martins na temporada passada, “um treinador que chega ao Vitória com um passado como jogador de há muitos anos atrás e, antes de a época começar, fez a afirmação que fez no ano passado, a dizer que ia encurtar espaço para o SC Braga e isso aconteceu, que até ficámos à frente deles, e que ia colocar o Vitória nos objetivos traçados para essa época. Tudo isso aconteceu e é preciso tê-los no sítio para ter uma afirmação destas. O Pedro conseguiu tudo isso. Mas é lógico que não há dois anos iguais, porque as coisas estão tão diferentes e não há milagres, o Pedro não tem uma varinha mágica para fazer milagres”, explicou, usando argumentos muito semelhantes aos de Laureta, que também pediu paciência. “Tudo bem que é uma cidade um pouco complicada em termos futebolísticos, mas temos de ter paciência e acima de tudo acreditar, porque ainda não chegámos a meio do campeonato. Temos de acreditar na equipa e no trabalho do Pedro Martins, que é o mesmo técnico do ano passado. Os jogadores não são os mesmos, está a demorar mais um pouco, mas com trabalho e todos unidos para chegar no final e atingir os objetivos que é o importante.

As saídas de jogadores importantes

Em relação à temporada passada, o Vitória viu saírem os habituais titulares Bruno Gaspar, Josué, Zungu, Marega e Hernâni, além de Soares, que já tinha rumado ao FC Porto em janeiro. Assim, para Quim Berto, a origem dos problemas “é de fácil observação. O Vitória perdeu muitos jogadores importantes e aqueles que entraram não acrescentaram rigorosamente nada. Estamos a falar de um plantel que no ano passado era muito bom e que este ano está muito aquém para as pretensões que o Vitória tinha. A partir do momento em que o Vitória está inserido em várias competições, as coisas deviam ter sido preparadas de outra forma e não o foram. Não é só a Liga Europa. Foi conseguido esse objetivo e é sempre dinheiro que entra para o clube, mas, de qualquer forma, as competições internas também são muito importantes e não podemos estar aquém dessas mesmas competições. Eram muitas competições, por isso tinha de se preparar um plantel a condizer com isso. Não foi feito antecipadamente e o Vitória teve muito tempo para o fazer…”, lamenta.

Laureta corrobora a opinião de Quim Berto. “Havia elementos importantíssimos no ano passado que não há este ano e as coisas estão a demorar a engrenar, com a agravante de haver mais competições, por isso, as coisas ficam mais complicadas. Além de que tem a havido também lesões”, disse o antigo jogador ainda nada está perdido, apesar de deixar duras críticas à derrota frente ao UD Oliveirense. “As pessoas não se podem esquecer de que o Vitória tem tudo para passar à fase seguinte da Liga Europa, o que é importantíssimo. Tem a Taça de Portugal domingo, que também é um jogo importantíssimo e onde temos tradição. A Taça da Liga nem tanto, embora ontem [sábado] tenha de reconhecer que foi mau demais. Os atletas que não jogavam e tiveram oportunidade para aparecer não tiveram humildade, não respeitaram o adversário e, acima de tudo, não respeitaram os adeptos do Vitória”, afirmou.