O Benfica avançou com uma oferta pública, tendo em vista a aquisição de ações da SAD, o que permitirá ao emblema encarnado reforçar o controlo da sociedade anónima.
Segundo o anúncio preliminar de lançamento desta OPA, enviado na segunda-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a oferta visa a aquisição de 6.455.434 ações de categoria B, ao preço de cinco euros por ação, representativas de 28,067% da Benfica SAD.
Na mesma informação enviada ao mercado, é referido que o preço de cinco euros por ação visa assegurar que os acionistas que adquiriram ações em 2001, aquando da entrada das ações em bolsa, possam vendê-las nesta OPA a um valor nominal semelhante ao então verificado.
O valor máximo da oferta é de 32,28 milhões de euros, segundo adianta a informação enviada ao mercado.
O capital da Benfica SAD é composto por 23 milhões de ações, sendo 9,2 milhões de categoria A e 13,8 milhões de categoria B, e é sobre estas últimas que a OPA incide.
A medida, que entretanto provocou uma valorização das ações (nesta terça-feira dispararam 70 por cento), surpreendeu os adeptos e suscitou dúvidas.
Afinal, por que motivo pretende o clube passar a deter 90 por cento do controlo da SAD?
Em declarações à Rádio Renascença, Camilo Lourenço, especialista em assuntos económicos, especula sobre o assunto e só encontra dois objetivos, nesta operação.
Por um lado, o Benfica pode querer “fazer aquilo que se conhece como ‘operação harmónio’, ou seja, reduzir o capital, eventualmente para absorver prejuízos passados”.
“Ora, era preciso ter um controlo sobre as ações da SAD. E não dava jeito nenhum ter essas ações a circular”, explica.
Camilo Lourenço avança ainda com outra explicação, que tem um ponto em comum com o anterior: também neste cenário, o clube pode pretender evitar que as ações estejam a circular.
“A outra possibilidade – e isto é especulação, também – seria se, na relação com alguma instituição financeira, essa instituição financeira tivesse exigido um determinado número de ações que, neste momento, estão nas mãos do mercado e não nas mãos do clube”, refere, àquela rádio.
“Eu julgo que esta vontade de tirar a SAD da bolsa pode ter que ver com alguma operação que no futuro seja perspetivada a este nível”, aponta.
O especialista destaca ainda que as ações dos clubes nunca suscitaram grande interesse do mercado.
"Mas não é por isso que o Benfica faz esta operação. O clube já tem um domínio, mas passa a ter um domínio maior", conclui.