Portugal
“Pinto da Costa que pouse o casaco no ‘Kaviedes’ e venha falar comigo”
2021-07-19 14:20:00
Octávio Machado volta ao ‘caso-Jardel’ e chama Pinto da Costa para um confronto de ideias  

A controvérsia começou com Pinto da Costa, na série documental ‘Ironias do Destino’, que culpou Octávio Machado por ter vetado a contratação de Mário Jardel, que estaria perto do regresso ao FC Porto, mas acabou por assinar pelo Sporting. ‘Super Mário’ deixou o Galatasaray, voltou a Portugal e viria a ser decisivo na conquista do título por parte dos leões.

“Aconteceu que Jardel ficou livre e mostrou vontade de vir para o FC Porto. Dissemos que sim, o Reinaldo foi buscá-lo ao aeroporto e durante a tarde ele comprou um apartamento no Porto. À noite, eu e o Reinaldo fomos ao hotel onde a equipa estava e dissemos ao Octávio e ao adjunto, o professor Rodrigues Dias, que tínhamos a possibilidade de vir o Jardel e eles não queriam, tinha, a equipa montada para jogar em 4x4x2 e o Jardel não cabia nesse esquema”, contou Pinto da Costa.

Octávio Machado negou que alguma vez tenha vetado o goleador e manifestou-se indignado com estas palavras do dirigente portista. “Nunca pensei que o Pinto da Costa me fizesse o que fez a outros treinadores. Eu defendi-o em situações muito complicadas que se viveram no FC Porto. Era bom que se calasse. Ou enfrenta-me, pessoalmente, e diga-me na cara. E eu digo-lhe tudo o que tenho para lhe dizer. E não vou ser mansinho. Tenho muito respeito pelo FC Porto, mas mesmo muito, foram 15 anos. Entrei ‘Andrade’ e saí ‘Super Dragão’. Não é Pinto da Costa que me dá lições de moral. E já lho disse, na cara dele. Não esperava. Espetou-me uma faca nas costas”, reagiu o antigo treinador portista. 

Não obstante o assunto ter tudo para ficar esquecido, até porque não se esperaria que Pinto da Costa alimentasse esta polémica, a verdade é que o próprio Mário Jardel veio colocar mais ‘achas na fogueira’. Numa visita ao museu do FC Porto, na semana passada, o antigo avançado brasileiro confirmou a versão do dirigente do clube da Invicta.  

"Compro o apartamento e, pela paixão que tenho pelo FC Porto, pela história que eu tenho, qualquer outro treinador me aceitaria, menos o Octávio. Quem perdeu foi Octávio. O FC Porto perdeu, mas o clube fica. Os treinadores passam. Alguns deixam história, como o Mourinho, Bobby Robson, António Oliveira, Fernando Santos.... Não sei o que é que Octávio estava a pensar”, responde ‘Super Mário’, em declarações ao Porto Canal, manifestando “gratidão” a Pinto da Costa. 

Ontem, na CMTV, Octávio Machado foi confrontado com estas declarações. E não ficou em silêncio, mas voltou a apontar a ‘mira’ a Pinto da Costa.

“Não respondo ao Jardel. Ele que seja feliz. Que estas recordações dos locais que o deixam feliz o possam inspirar, para que tenha uma vida com estabilidade e equilíbrio. Muitas felicidades para o Jardel. Agora, não retiro uma vírgula ao que disse. Eu nunca falei com o Jardel. Como é que ele sabe?”, pergunta Octávio, que vai mais longe e justifica os motivos pelos quais o goleador não voltou a vestir de azul e branco. 

“Vou ser claro. Jardel não foi jogador do FC Porto porque não era jogador de Jorge Mendes. Se fosse jogador de Jorge Mendes, Adelino Caldeira e Jorge Mendes teriam trazido o Jardel", garantiu. 

Octávio Machado recorda um dos grandes ‘flops’ do FC Porto: o equatoriano Iván Kaviedes, que veio substituir McCarthy no ataque portista, em 2002, quando o sul-africano foi para a CAN, mas que esteve longe de atingir o nível daquele avançado.  

“Quando McCarthy foi para o CAN, sabem quem foram buscar? O Kaviedes. Que Pinto da Costa diga porque é que foram buscar o Kaviedes. Ele que pendure o casaco no 'Kaviedes' e que venha falar comigo. Ele que mostre a cara. Qual é o problema? E iremos ver que tem de explicar algumas coisas”, afirma. 

“Eu não retiro uma vírgula àquilo que disse. Nada. Zerinho. Andei há procura e não percebi porque é que ele veio trazer este assunto, 20 anos depois”, acrescenta, lembrando que as histórias sobre transferências, quando era treinador do FC Porto, estão contadas no seu livro.

O técnico reitera que se orgulha por ter passado pelo FC Porto e insiste que não tem culpa das temporadas em que os dragões ficaram aquém das expectativas dos adeptos.

“O FC Porto merece-me todo o respeito. Foram 15 anos inesquecíveis. Fiquei rendido ao clube e à cidade. Fui extremamente feliz e não renego um milímetro do meu passado no FC Porto. Não estou nos três anos que causaram alguma tristeza aos adeptos. Não estou nesses três anos. Alguém está, o Octávio não. Nunca estive a 10 pontos do primeiro. Se alguém tem de dar explicações é o senhor Pinto da Costa”, conclui Octávio.