Portugal
"Quando os adversários caem no chão Pinto da Costa não os pisa", diz Capristano
2021-07-23 17:40:00
Ex-vice do Benfica saúda atitude do presidente do FC Porto numa crítica velada a quem agora ataca Luís Filipe Vieira

Pinto da Costa, presidente do FC Porto, reconheceu a grandeza do Benfica em pleno Estádio da Luz, na gravação de um episódio da série biográfica para o Porto Canal. Uma gravação que tem provocado divisões no Benfica, devido à constante troca de acusações entre os clubes, agravadas pela saída de Luís Filipe Vieira, que terá dado a autorização para o dirigente do rival filmar em plena Luz.

A declaração de Pinto da Costa – “O Benfica é o grande clube que todos sabemos” – reacendeu a polémica em torno da autorização para a gravação do episódio, que será emitido na íntegra esta noite pelo Porto Canal, a mesma estação que divulgou os emails do Benfica, num dos incidentes que têm mantido os dois clubes de costas voltadas. José Manuel Capristano, antigo vice-presidente do Benfica, entrou no debate para... elogiar Pinto da Costa.

Mesmo sendo “da velha guarda”, Capristano saudou a atitude do presidente dos dragões, numa crítica velada a quem se distanciou ou passou a atacar Luís Filipe Vieira depois de este ter sido detido e posteriormente renunciado ao Benfica: “Sou da velha guarda e tive momentos duríssimos com o FC Porto. Não me esqueço disso. Mas também não me esqueço que Pinto da Costa, ao contrário de tantos outros que conheço, luta como um dragão contra os adversários, mas quando os adversários caem no chão ele não os pisa”.

“Vejo muita gente que vê as pessoas em maus lençóis e carregam, carregam, carregam... Ele nunca foi dessa estirpe. Nessa matéria, eu dou-lhe razão”, insistiu o ex-vice-presidente do Benfica, no comentário para a CMTV.

Se ainda exercesse funções nas águias, Capristano “não ia por este caminho”. “Não sou novo nisto, tenho muitas cicatrizes desta dicotomia Benfica-FC Porto”, justificou-se. Contudo, o ex-dirigente apreciou que o Benfica tenha dado autorização ao presidente do rival para gravar na Luz, num sinal de aproximação.

“Acho muito bem que a dada altura as coisas entrem nos eixos. O Real Madrid e o Barcelona são adversários figadais e os presidentes falam-se e encontram-se, por que é que Benfica, FC Porto e Sporting não podem ser da maneira? Num país civilizado e com gente civilizada isto era normal. Diz-se que os grandes têm que liderar o processo para o bem da indústria do futebol português, mas se alguém dá o passo em frente cai o carmo e a trindade”, reforçou.

No mesmo programa, o ex-dirigente do Benfica já tinha saído em defesa de Luís Filipe Vieira, na sequência de notícias a darem conta da desilusão do ex-presidente das águias pela alegada falta de solidariedade dos administradores da SAD e dos diretores do clube, na sequência da operação Cartão Vermelho.

“O senhor Luís Filipe Vieira saiu pelo seu pé, mostrando nobreza de caráter, pondo os interesses do Benfica acima dos próprios. Se saiu pelo pé dele, o que é que se pode exigir à Direção do Benfica em relação a ele? Não acredito que haja uma incompatibilidade”, argumentou.

“Andam uns a defender Luís Filipe Vieira, outros atacam Luís Filipe Vieira, quando é que isto acaba? O Benfica, neste momento, não precisa de guerra, precisa de paz”, acrescentou Capristano, que não passou ao lado da presença de John Textor em Portugal: “É a mesma coisa que este senhor norte-americano estar em Portugal. O que é que interessa? A estrutura do Benfica não o quer receber. Veio de lá porquê?”.

“Para internacionalizar a marca, se ele é multimilionário, seria muito mais importante para o Benfica um homem destes do que José António dos Santos, iria catapultar o Benfica para outros horizontes. Mas eu não o conheço, presumo que a estrutura do Benfica o conhecerá. Quem está dentro do convento é que sabe o que lá está dentro”, concluiu José Manuel Capristano.