O Bancada quis saber quais a reais semelhanças entre Gelson e Robben depois de Dost os ter comparado
Bas Dost é um gigante rendido ao colega que tantas vezes o assistiu na temporada passada, e o avançado holandês vaticinou um futuro do tamanho do mundo para o pequeno Gelson Martins comparando-o ao colega de seleção holandesa, Robben. Para Paulo Futre as semelhanças existem, mas o antigo craque traça o futuro passo na evolução de Gelson Martins: jogar do lado esquerdo.
“O Gelson é inacreditável. Tem qualidades especiais. Nunca vi ninguém mudar de direção à velocidade que ele faz. Ok, o Robben é capaz de fazer isso. O Gelson pode chegar ao topo como o Robben”, explicou Bas Dost em declarações ao jornal “A’Bola”.
O Bancada quis perceber se há, realmente, semelhanças entre os dois futebolistas, até porque, pese embora, ambos jogarem no lado direito do ataque das respetivas, Gelson é destro e Robben é esquerdino, o que logo à partida propicia abordagens distintas quando encaram os defesas. Quem melhor para nos explicar senão Paulo Futre. O antigo craque marcou uma era no futebol português com o estilo desconcertante que impunha nos jogos. Ficou célebre pelas jogadas individuais que começavam, preferencialmente, no lado direito e terminavam com um toque de pé esquerdo para o fundo da baliza.
Para Futre, não há dúvidas que existem algumas semelhanças entre Gelson e Robben, sobretudo na facilidade com que ambos mudam de sentido, o que dificulta sobremaneira a missão dos defesas que os têm que marcar.
Problemas para os defesas
“Em termos de movimentações com as mudanças repentinas de direção são realmente dois jogadores muito parecidos. São dois jogadores muito difíceis de marcar por parte dos defesas. A diferença é que o Robben é esquerdino e mesmo que joguem os dois do lado direito costumam sair dos dribles para lados diferentes”, explicou o antigo internacional português.
E foi a pensar nas dificuldades que os defesas encontram quando confrontados com jogadores com o manancial técnico de Gelson e Robben, que o Bancada perguntou a Fernando Mendes como é que um lateral para um jogador com o calibre destes dois. Em jeito de brincadeira, o antigo lateral esquerdo que passou pelos cinco campeões nacionais em Portugal (Sporting, FC Porto, Benfica, Belenenses e Boavista) explicou que a única forma de parar jogadores como Gelson e Robben é dando-lhes “com um pau”.
Brincadeiras à parte, Fernando Mendes explicou que sempre preferiu “apanhar” extremos que joguem com o pé certo. Isto é, para o antigo lateral é mais fácil controlar os extremos quando vão para a linha. Ao contrário, os jogadores que utilizam o “pé cego”, têm tendência a vir para dentro o que lhes aumenta o angulo de ação.
“Próximo passo para Gelson é jogar no lado esquerdo”
E foi a partir deste princípio que Paulo Futre revelou uma das suas expetativas relativamente a Gelson Martins. Para o antigo campeão europeu ao serviço do FC Porto, o próximo degrau na carreira do extremo do Sporting é mudar de flanco.
“Para mim o próximo passo da evolução do Gelson é jogar do lado esquerdo para poder vir para dentro e rematar com o pé direito”, analisou Futre que prosseguiu prevendo um futuro brilhante para o jovem atacante português: “Quanto a mim, dentro de dois três anos, se não tiver o infortúnio das lesões, o Gelson será um dos melhores jogadores do mundo, o miúdo é fantástico”, atirou.
Quem corrobora da opinião de Futre, sobre Gelson evoluir como extremo esquerdo, é Tiago Correia, o primeiro treinador de Gelson Martins no Futebol Benfica (Fófó), que revelou ao Bancada um conselho que transmitiu ao atacante: “falei com ele há uns tempos e disse-lhe que tem que começar a elevar o número de golos. Tem que ter mais golo”, e para que isso aconteça, o jovem treinador julga que seria meio caminho andado se Gelson atuasse no flanco esquerdo do ataque do Sporting.
“Eu pessoalmente gostava de o ver jogar mais vezes do lado esquerdo onde poderia potenciar a finta e a facilidade que tem de drible ao máximo. Eu já comentei com amigos meus que caso o Gelson jogue no flanco esquerdo ainda vão ver mais do jogador. Porque com a facilidade que ele tem em sair dos dribles, no lado esquerdo podia até aumentar o número de golos”, sublinhou o treinador do Muscat Club do Omã.
Afinal, Gelson queria ser comparado a Robinho
Sobre as parecenças com Robben, Tiago Correia até vê aspeto em que os jogadores se podem aproximar, mas segundo o antigo treinador de Gelson, o extremo português sempre se identificou mais com o estilo brasileiro e mais propriamente com Robinho: “Podemos dizer que são parecidos em alguns aspetos, mas como o próprio Gelson disse há uns anos, o jogador com quem ele mais se identificava era com o Robinho. E penso que até seja mais parecido com o brasileiro porque o Robben é mais vertical, tem uma finta mais curta, mais direta. Enquanto o Gelson consegue ter uma finta mais larga, mais abrangente, com mais ginga, característica do futebol brasileiro”, disse.
Na retina de Paulo Futre, ficou o lance em que Gelson partiu em velocidade para cima de Nélson Lenho, em jogada ainda na primeira parte, dando a sensação que o lateral-esquerdo avense tivesse ficado parado, o que obviamente não aconteceu. Foi a estonteante velocidade do número 77 do Sporting que levou a melhor, que, no entanto, não deu sequência à jogada, permitindo o corte da defensiva adversária.
“Há um lance na primeira parte em que ele passa pelo defesa-esquerdo do Aves, em velocidade, de uma forma impressionante”, lembrou Futre.
Ao jovem jogador do Sporting é apontada alguma falta de eficácia no momento de decisão. Paulo Futre concorda, mas lembra “que são aspetos que o jogador tem vindo a melhorar” e espera também que os leões consigam manter o jogador, “pelo menos mais esta época, até porque vem aí uma possível participação na Liga dos Campeões e um Mundial.”