Portugal
"Para o Sporting não é caso o Benfica não fazer vénia", garante Amorim
2021-05-14 19:00:00
Treinador desvaloriza falta de guarda de honra e promete que os leões não vão para a Luz "festejar"

O treinador do Sporting, Rúben Amorim, desvalorizou as declarações de responsáveis do Benfica, como o vice-presidente Varandas Fernandes e o treinador Jorge Jesus, que garantiram que a equipa encarnada não fará a guarda de honra ao novo campeão nacional, quando subirem ao relvado para o clássico da 33.ª jornada da I Liga.

"É verdade que não é uma tradição em Portugal. Poderá vir a ser. Foram-nos dados os parabéns. Nós queremos é ganhar. Toda a gente assinalou este título como justo, para nós não é caso o Benfica não fazer vénia", começou por comentar Amorim, na conferência de antevisão do dérbi de amanhã com o Benfica. "Temos que ver soluções e preparar o próximo ano. Temos o objetivo de não perder esta época, mas o mais importante é começar a construir o futuro e a preparar o que vem aí", acrescentou.

Questionado se o Sporting faria guarda de honra caso o Benfica tivesse sido campeão, o técnico insistiu que falta em Portugal essa "cultura". "É fácil para mim, porque sou campeão, estar agora a mandar palpites. Já estive no outro lado e sei que para os adeptos é difícil essa questão. Ainda não existe essa cultura, alguém terá para a criar, hoje em dia é difícil para um clube justificar isso, ainda existe grande rivalidade", reforçou.

Outra garantia de Rúben Amorim é que os jogadores do Sporting não vão com a cara pintada ou com o cabelo pintado para o dérbi com o Benfica. "Não sei quem é favorito, em termos de pressão o campeão tem sempre muita, nós ganhámos o título e temos de pensar já assim, não quero os jogadores do Sporting com menos pressão do que os do Benfica. Não vamos, obviamente, para casa de outro clube pintar o cabelo. Não vamos para lá festejar nada. Vamos aproveitar todos os minutos que temos para crescer e temos muito a crescer. Não vamos para lá com o cabelo pintado, vamos lá para vencer o jogo", afirmou o treinador, lembrando que os leões ainda não perderam "um jogo com um dos grandes" esta temporada.

O Sporting visita o eterno rival na 'ressaca' dos festejos pela conquista do campeonato, título que 'fugia' desde 2002. "Foi uma festa de um clube que não ganhava há muito tempo. Foi notória a alegria de toda a gente", comentou: "Era um peso que todos tinham, não só o treinador, os jogadores e a estrutura, mas também os adeptos. Passados três dias tenho a noção de que todos queremos mais. Já passou essa festa, e temos de continuar a contruir o futuro. Ganhámos o título de campeão nacional e conseguimos passos importantes, mas ainda são precisos mais. Temos noção disso. Foi uma grande festa. Queremos mais, mas há que trabalhar para isso".

Ao longo de meses, Rúben Amorim foi adiando a candidatura ao título, apostando no discurso do "jogo a jogo" mesmo quando o Sporting tinha uma vantagem de dez pontos sobre o segundo classificado já na ponta final do campeonato. A candidatura só foi assumida antes do jogo com o Boavista, quando a vitória garantiria matematicamente essa conquista. Na próxima época, o técnico deverá manter o discurso do "jogo a jogo".

"O Sporting é campeão, a pressão aumenta, mas não muda a diferença que há para os rivais. Não muda a ambição de vencer todos os jogos, queremos melhorar, ser melhores na Europa, somos candidato a ganhar todos os jogos, provavelmente vai ser essa a resposta que vou dar. Em termos globais ainda não mudou assim tanto. Ainda há diferença. Vai ser jogo a jogo mais um aninho", afirmou.

O técnico leonino disse ainda que Jorge Jesus enviou uma mensagem ao presidente Frederico Varandas a congratular o Sporting pela conquista do título: “Ao contrário do que pensam, não tinha uma relação tão próxima com o ‘mister’ Jesus. Trabalhei com ele [no Belenenses e no Benfica], mas nunca fomos de trocar mensagens. O ‘mister’ mandou ao presidente, portanto mandou a todos nós”.

Instado a escolher entre os títulos no Benfica, como jogador, e este no Sporting, Rúben Amorim ressalvou que “são títulos diferentes” e que “não há comparação”, mas que, “por ser treinador, por ser o primeiro e por ser com 19 anos de diferença, foi um título com muito significado”, tendo “um sabor diferente” e com “mais responsabilidade”.

O já campeão Sporting, ainda invicto, com 82 pontos, visita no sábado o Benfica, terceiro classificado, com 70, em jogo da 33.ª e penúltima ronda da I Liga de futebol, às 18:00, no Estádio da Luz, com arbitragem de Tiago Martins, da associação de Lisboa.