O investidor norte-americano John Textor garantiu que continua a ter vontade de comprar 25 por cento da SAD do Benfica, deixando críticas aos dirigentes encarnados que agora “procuram distanciar-se de Luís Filipe Vieira”.

Num comunicado divulgado horas depois de conhecida a renúncia de Vieira aos cargos no Benfica, John Textor revelou que esteve na Luz e no Seixal com o presidente demissionário e garantiu que pretende reunir-se com a Direção encarnada nos próximos dias, sem deixar de lembrar que “há 17 anos” que os responsáveis do Benfica confiavam em Vieira.

“Compreendo que certos membros da Direção, ou possivelmente toda a Direção, possam estar a procurar afastar o clube do meu interesse em entrar no clube, uma vez que o meu envolvimento está demasiado associado ao presidente que recentemente saiu. Há 17 anos que confiavam no presidente para liderar o Benfica. Certamente que a minha breve reunião com ele não deve desqualificar de forma alguma as minhas propostas”, sustentou.

“Os que procuram agora distanciar-se de tudo o que parece estar ligado a Luís Filipe Vieira foram seus apoiantes durante muitos anos”, insistiu John Textor: “Sou novo na comunidade do Benfica, mas estou aqui para ser útil e rejeito a tentativa desonesta de sugerir que a habitual compra de um bloco de ações é uma transação ilícita”.

O empresário norte-americano reforçou que só conheceu José António dos Santos, o maior acionista particular da SAD e arguido no processo Cartão Vermelho, “pelo meu banqueiro de investimentos em Londres”, acrescentando não ter “qualquer ligação empresarial com Luís Filipe Vieira”.

“Se agora tomaram conhecimento de negócios privados entre José António dos Santos e Luís Filipe Vieira, isso é algo que eu não tinha conhecimento e não pode invalidar o direito de José António dos Santos de vender as suas ações ou o direito de outra parte em comprar tais ações”, complementou.

John Textor assinou um acordo com José António dos Santos para adquirir 25 por cento das ações do Benfica, numa operação que está a ser investigada pela Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e que era do desconhecimento da Direção, de acordo com o vice-presidente Jaime Antunes.

“O comunicado [da CMVM] confirma a existência de um contrato de promessa de venda. A venda não está concretizada. Mas, sim, todos nós, pelo menos que eu saiba, fomos surpreendidos com essa informação”, adiantou Jaime Antunes.

A CMVM chegou a suspender a negociação das ações da Benfica SAD devido a “indícios de irregularidades diversas” nessa operação financeira entre José António dos Santos e John Textor.

Em comunicado, o regulador adiantou que tem estado a proceder a averiguações para assegurar ao mercado toda a informação relevante sobre a governação e estrutura acionista atual da Benfica SAD e que tem pedido “esclarecimentos e, sempre que aplicável, a prestação de informação ao mercado a Luis Filipe Vieira, José António dos Santos, John Textor, José Guilherme, Quinta de Jugais e ao Sport Lisboa e Benfica”.