Portugal
“Os jogadores têm que rodar para se movimentar o dinheiro”, diz Maniche
2021-02-10 21:15:00
Ex-jogador critica o "exagero" de rotação no plantel do Famalicão, que já utilizou 40 atletas

O antigo internacional português Maniche indignou-se com a atual situação do Famalicão, a equipa sensação do último campeonato que, à 18.ª jornada, ocupa o penúltimo lugar da tabela.

O Famalicão não somou qualquer ponto nas últimas quatro jornadas, mas houve um outro número em particular a irritar Maniche: desde o início da época, a equipa minhota já utilizou 40 jogadores.

“O problema do Famalicão é mais profundo do que os resultados. Nós valorizamos o trabalho do Miguel Ribeiro [diretor desportivo] desde a II Liga, neste momento não posso dizer o mesmo. Para solidificar os processos tem de se manter a estrutura, a base, para que a equipa fique mais sólida e competente”, sustentou o ex-jogador.

Depois de surpreender na temporada de 2019/20, chegando mesmo a ocupar lugares de acesso às provas europeias, o Famalicão segue esta época com três vitórias, cinco empates e dez derrotas, somando apenas mais um ponto do que o Farense, último classificado.

“Sabemos que o futebol é um negócio, mas neste momento passou a ser um mercado de rotação obrigatória, os jogadores têm que rodar para se movimentar o dinheiro”, criticou Maniche.

Olhando para o plantel famalicense, o ex-jogador descobriu uma quantidade “incompreensível” de entradas e saídas. “O projeto do Famalicão é para rentabilizar ativos e vender. É incompreensível um clube todos os anos ter tantos empréstimos e jogadores a custo zero, é um exagero”, reforçou.

Os maus resultados já provocaram a chicotada psicológica, com João Pedro Sousa a dar o lugar a Jorge Silas. Mas o treinador que levou o Famalicão ao sexto lugar na última época é, no entender de Maniche, o último responsável.

“A estabilidade não existe neste momento. A prioridade era ficar com o treinador, mas como é que o treinador pode ter estabilidade e condições para trabalhar se depois há uma mudança radical do plantel? Assim é totalmente difícil trabalhar”, frisou.

“Sabemos também que os empresários têm um poder enorme nos clubes, porque muitos deles dependem dessas vendas. Depois, o espaço de intervenção do treinador torna-se limitado. O Famalicão está a ter dificuldades por culpa própria”, concluiu Maniche.