Portugal
"Os jogadores têm muita pressa em sair da equipa B”, diz Secretário
2021-07-09 18:15:00
Ex-defesa formado no FC Porto aborda situações de jovens como Vitinha, Tomás Esteves e Fábio Vieira

O FC Porto já arrancou com os trabalhos da pré-temporada, mas ainda com muitas indefinições no plantel. Os adeptos estão na expetativa de ver o que vai acontecer com as pérolas da formação, como Vitinha e Tomás Esteves, cujos empréstimos terminaram, ou Fábio Vieira, que integrou a equipa principal na última temporada, mas sem grandes oportunidades para jogar.

Ao mesmo tempo, Bruno Costa regressou ao Dragão. O médio fez formação nos azuis e brancos, mas somou pouco tempo de jogo pelos seniores. Acabaria por deixar o clube e, após uma temporada de sucesso no Paços de Ferreira, mereceu uma ‘segunda oportunidade’, com o FC Porto a pagar 2,5 milhões de euros por um jogador que tinha libertado a custo zero.

Depois do Sporting ter conquistado a I Liga 2020/21 com uma equipa baseada em jogadores da formação, muitos portistas defendem um modelo semelhante nos dragões, tanto mais que em 2019 o FC Porto ganhou a Youth League. Mas Carlos Secretário, treinador e antigo jogador formado no clube, defende que a aposta na formação tem de ser feita com moderação, em particular quando há muito talento a aparecer.

“Os jogadores têm muita pressa em aparecer, de sair da equipa B ou dos juniores. Muitos vão falar do Sporting, mas o Sporting não o fez com todos, fez com três ou quatro. O FC Porto pode seguir esse caminho, mas, ao mesmo tempo, é preciso entender a exigência de resultados imediatos. Se ficarem por ficar pode ser pior. Se forem emprestados e fizerem duas épocas boas fora regressam mais fortes”, explicou.

Secretário fala com a experiência de quem foi emprestado por cinco épocas consecutivas antes de se afirmar no plantel principal do FC Porto. “Na nossa altura, só ficaram de estaca da formação para os seniores o Vítor Baía e o Domingos. Os outros foram rodar e depois atingiram nível altíssimo”, lembrou, em declarações citadas pelo jornal A Bola.

O antigo lateral, que esteve emprestado a Gil Vicente, Penafiel, Famalicão e SC Braga antes de ficar em definitivo no FC Porto, apontou o exemplo de Bruno Costa, mesmo reconhecendo que não se tratou de um empréstimo, como aconteceu a Vitinha (cedido ao Wolverhampton na última temporada) e Tomás Esteves (que cumpriu a época anterior no Reading).

“Veja-se o Bruno Costa: precisou de ir ao Portimonense e ao Paços de Ferreira para voltar. Não lhe fez mal, está um jogador mais capaz e experiente. É um caso diferente, não foi emprestado, mas é uma forma de explicar a evolução que se faz fora do clube”, frisou.

“Estão a aparecer muitos miúdos de qualidade, todos eles com aspirações de fazerem parte do plantel. O trabalho da formação está a ser bem feito. Mas é preciso ver que para um treinador não é fácil apostar em todos, é um processo que tem de ser sustentado. Pouco a pouco vão-se afirmando na equipa e não tarda são titulares”, finalizou Carlos Secretário.