Portugal
“O único que merecia lá estar era o Pizzi”, diz Domingos
2021-06-11 19:50:00
Domingos lembra ainda outro médio, João Mário, mas concorda com as escolhas de Fernando Santos

O Euro2020 arranca esta sexta-feira e Portugal tem sido apontado como um dos favoritos à vitória, depois da conquista do troféu em 2016. A seleção nacional conquistou o respeito internacional, mas começa a apresentar falta de opções para uma zona do terreno, fruto das opções tomadas pelos clubes nos escalões de formação, de acordo com uma análise feita por Domingos Paciência.

Treinador e antigo internacional português, Domingos falou sobre os desafios que se colocam à equipa das quinas no Euro2020. Entre elogios à qualidade dos jogadores às ordens de Fernando Santos, o técnico manifestou alguma surpresa por Pizzi ter ficado de fora, uma vez que o médio “teve boas prestações” sempre que foi chamado a representar Portugal.

“O único que eu acho que, de certa forma, merecia lá estar era o Pizzi. Sempre que representou a seleção teve boas prestações, na minha ideia seria aquele que merecia. É evidente que, tendo oito médios e oito avançados, não é fácil para o Fernando Santos incluir o Pizzi, tinha que sair outro. Mas houve jogadores que ajudaram muito a seleção e ficaram de fora, como o João Mário”, sustentou.

Em entrevista ao podcast da Solverde ‘Vai a Jogo’ e falando como adepto, Domingos referiu que Pizzi seria “a única alteração” que faria nos eleitos para Euro2020, acrescentando compreender os motivos que levaram o selecionador nacional a definir a lista final.

“O Fernando Santos acaba por fazer uma seleção com um critério do que foi o passado recente em termos de rendimento de cada um e com um equilíbrio de posições que também é importante”, explicou.

A seleção portuguesa parte para o Euro2020 com “oito médios, oito avançados” e “uma grande lacuna no eixo central, especialmente para os próximos anos”. José Fonte, Pepe, Rúben Dias são os três centrais escolhidos por Fernando Santos, algo que denuncia uma falha nos escalões de formação que começa a ganhar dimensão.

“Em Portugal, quem vai à seleção são os jogadores dos três grandes e depois do SC Braga. Se esses clubes não apostarem em centrais na formação, dificilmente vamos ter soluções para o futuro. O problema começa aí”, alertou o treinador.

Tirando a ausência de Pizzi e a lacuna no eixo da defesa, a lista de Fernando Santos “é a convocatória certa”, frisou o avançado que representou Portugal no Euro1996, tendo apontado um golo à Croácia, na terceira jornada da fase de grupos. E foi nessa competição que a seleção nacional começou a ganhar o prestígio que hoje detém. “Aquela presença em 96 é o começo de tudo, é o nascer do adepto português”, afirmou.

O passado ficou para trás e o futuro é a Hungria, o primeiro adversário no Euro2020. Portugal está ‘obrigado’ a ganhar, pois seguem-se as partidas com França e Alemanha, também candidatas a vencer o torneio. “Já não temos favoritismo” contra gauleses e germânicos, lembrou o ex-internacional.

“Somos uma seleção respeitada, olham para nós e respeitam-nos, essa é a nossa grande força. Somos campeões da Europa e esse é um estatuto que exige respeito. Depois, conseguimos ser uma equipa que apresenta um futebol que roça a perfeição, como aconteceu na primeira parte com a Sérvia. A segunda parte é o nosso ponto fraco, um Portugal mais defensivo e menos ‘mandão’ no jogo”, completou Domingos Paciência.