Portugal
“O saldo que deixei no Benfica foi francamente positivo”, frisa Rui Vitória
2021-06-02 20:20:00
"Fiquei marcado por ser o treinador do tetracampeonato, mas o balanço não se resume às conquistas"

O novo treinador do Spartak Moscovo, Rui Vitória, recordou a passagem pelo Benfica, “um porta-aviões”, e manifestou-se convicto de ter realizado “tudo o que um clube espera do treinador” ao serviço das águias, com “títulos, estádio quase sempre cheio e valorização da formação”.

“Lembro-me bem do dia que recebi o convite para treinar o Benfica. Era um novo desafio, como haviam sido os anteriores. Mas o Benfica é um porta-aviões, um clube de impacto global. Não senti nenhum receio. Era um passo natural naquele momento em minha carreira. Depois dos trabalhos no Paços e no Vitória, assumir um dos três grandes clubes de Portugal ou algum no estrangeiro era a etapa seguinte”, começou por referir o técnico, em declarações ao portal The Coaches Voice.

“Fiquei marcado por ser o treinador do tetracampeonato. Um clube centenário, poderoso, que jamais havia conseguido tal feito. Um carimbo importante em minha carreira. Mas o balanço que faço do meu período no Benfica não se resume às conquistas. Provavelmente, consegui realizar tudo o que um clube espera de seu treinador: ganhar títulos, ter os estádios quase sempre cheios e valorizar jogadores da formação. Ou seja, houve rendimento desportivo e financeiro”, salientou Rui Vitória.

“Há aqui um ponto que nunca podemos perder de vista para analisar o trabalho do técnico: a relação entre investimento e rendimento desportivo. Nesse sentido, o saldo que deixei no Benfica foi francamente positivo”, reforçou o ex-treinador das águias, apontando o lançamento de alguns jogadores da formação.

“Era um desejo do clube que coincidia com a minha vontade”, explicou: “Decidimos em conjunto que era a hora de arriscar, de colocar cinco ou seis jovens em ação. É preciso haver sintonia nessas decisões, não adianta só o clube querer, ou só o técnico. É preciso compartilhar a mesma visão. Assim, jogadores como João Félix e Renato Sanches, entre outros, passaram a ter mais protagonismo”.

João Félix, no entanto, “só veio a ganhar um grande protagonismo depois” de Rui Vitória sair do Benfica, “já com o Bruno Lage no comando”. “Quando saí, o novo treinador mudou novamente o sistema, que acabou por ser ideal para tirar o melhor do João Félix”, acrescentou.

Após três anos e meio à frente do Benfica, o treinador começou a apresentar “algum desgaste”. “Em comum acordo, concluímos que era o momento de fechar aquele capítulo. Vi com naturalidade o fim da relação”, adiantou Rui Vitória, que depois aproveitaria “a “oportunidade de trabalhar no Al Nassr”, confessando que “a questão financeira foi determinante”.

“Eu luto permanentemente contra esse culto ao resultado que rege o futebol. Às vezes, há trabalhos fantásticos que não são coroados com uma taça. Salvar uma equipa da despromoção pode ser um trabalho muito bonito. Pode até ser mais difícil do que ganhar o título num outro clube. E nem sempre se dá o devido valor. Eu gostava que a competência do treinador fosse mais analisada do que os seus resultados, mas o mundo é assim”, finalizou Rui Vitória.