A contratação de Paulinho a meio da temporada, por 15 milhões de euros, foi uma das decisões mais debatidas pelos adeptos do Sporting, mas a caminhada da formação verde e branca rumo ao título de 2020/21 acabou por atenuar a discussão sobre o internacional português, tanto mais que o avançado ajudou a equipa a confirmar a entrada dos milhões da Liga dos Campeões.

Agora que os leões preparam a entrada na temporada 2021/22, a aposta em Paulinho volta a ser questionada. Pedro Henriques, antigo jogador (com passagens por clubes como Benfica e FC Porto) e agora comentador, realçou que o dianteiro não tem mostrado no Sporting as qualidades que exibiu no SC Braga.

Para além distância face ao nível apresentado na passagem pela formação minhota, Paulinho pareceu ainda um corpo estranho no esquema de Rúben Amorim, contribuindo também para travar a progressão de Tiago Tomás, o jovem avançado que estava a ‘mostrar serviço’ até o Sporting contratar Paulinho.

“O Rúben Amorim deve ter ficado satisfeito, mas dos jogos que vi do Paulinho no Sporting ainda não vi o que estava à espera de ver. O Paulinho que vi em Braga ainda não vi em Alvalade”, afirmou Pedro Henriques, durante a análise de hoje ao mercado de transferências, na Sport TV.

Os leões pagaram 16 milhões de euros por um jogador de 28 anos, mas Pedro Henriques passou ao lado da questão financeira, centrando a atenção no facto da chegada de Paulinho ter travado a afirmação de Tiago Tomás, que perdeu protagonismo no esquema de Amorim. “Criava muitos problemas ao Tiago Tomás nessa forma de jogar”, insistiu.

Por outro lado, o ex-jogador lembrou que este ano o Sporting terá de “subir de nível”, pois volta à Liga dos Campeões e entra com a responsabilidade de defender duas provas a nível interno: o campeonato e a Taça da Liga. A juntar a isto, os leões abrem a época com a disputa da Supertaça e procuram conquistar a 18.ª Taça de Portugal.

“Se o Rúben está satisfeito o Paulinho tem de continuar a jogar como o treinador quer, mas acho que para o Sporting subir para outro nível era importante o Paulinho ter um rendimento superior naquela posição específica”, acrescentou Pedro Henriques, “convencido” de que Paulinho “vai ser sempre o titular” no ataque leonino.

Sobre a abordagem do Sporting ao mercado de transferências, o ex-lateral destacou a forma como “acautelou algumas coisas”, nomeadamente nas alas, com alternativas aos indiscutíveis Pedro Porro e Nuno Mendes.

“Tem mais uma opção para a esquerda e para a direita, o Rúben Vinagre e o Ricardo Esgaio”, apontou, sem esquecer Gonçalo Esteves, o lateral de 17 anos proveniente do FC Porto: “Ainda está a começar, mas é importante ter algumas oportunidades para se ver como evolui, porque fisicamente está muito forte para a idade que tem”.

Caso não haja saídas no plantel leonino, Pedro Henriques não vê “necessidade do Sporting gastar mais” neste mercado de transferências, isto quando se mantém em aberto “a questão do Ugarte”, o médio do Famalicão apontado para a vaga de João Mário (agora no Benfica).

Com o plantel para 2021/22 praticamente fechado, o “desafio” de Rúben Amorim será continuar a surpreender os adversários. Neste plano, Pedro Henriques lembrou como o Benfica de Bruno Lage se mostrou mais fácil de travar na segunda temporada do técnico, tal como aconteceu com o FC Porto no segundo ano de Sérgio Conceição.

“Os adversários vão-se adaptando e percebendo como podem ou não criar problemas. O Sporting está perto daquilo que estava, resta saber como é que os adversários vão reagir, porque já bateram com este vírus – não é o da pandemia – e vão ter mais anticorpos”, concluiu Pedro Henriques.