“Os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres”. Esta é uma das frases mais ouvidas, nos mais variados contextos, acerca de desequilíbrios sociais. Até no futebol esta ideia surge frequentemente. E tem razão de ser, sobretudo na Liga Portuguesa. Já lá vamos.

Segundo um estudo do Observatório do Futebol, as principais ligas europeias estão cada vez mais desequilibradas, olhando para as diferenças entre quem fica no topo da classificação e quem fica mais abaixo. O estudo analisou 22 campeonatos – dados entre 2008 e 2018 – e concluiu que, nesta década, os campeões conseguem mais pontos e os resultados têm maior diferença de golos.

Em Portugal, esta diferença é… a maior da Europa. Cada título de Benfica e FC Porto, entre 2008 e 2018, foi conseguido com cerca de 84% dos pontos possíveis no campeonato. Ainda que se verifique uma ligeira descida nos últimos cinco anos, o certo é que esta percentagem é a maior entre todas as ligas analisadas.

A título de curiosidade, a segunda divisão francesa é a liga com mais equilíbrio – campeões com 64% dos pontos conquistados –, enquanto a Liga Inglesa, sempre elogiada pela competitividade, tem tido campeões a conquistar cerca de 77,3 % dos pontos.

Em termos de diferença de golos nos resultados da Liga Portuguesa, o nosso campeonato até nem está mal. Apesar do ligeiro crescimento na segunda metade da última década, a verdade é que a Liga Portuguesa surge no 15.º lugar (entre 24), com uma média de 1,32 golos de diferença em cada jogo.

Curiosamente, este top é liderado… pela Liga dos Campeões. Ter “tubarões” a jogar contra equipas de países de menor expressão – a génese da ideia da Superliga Europeia – faz com que, na Champions, a diferença média de golos entre o vencedor e o derrotado chegue aos 1,58 golos.

A Champions é, também, a competição na qual mais vezes se verificam resultados com três ou mais golos de diferença (21% dos jogos). Em Portugal essa diferença acontece apenas em 13,9% dos jogos, um valor também ele baixo no panorama europeu.