Antigo árbitro de primeira categoria, Duarte Gomes falou sobre a retoma da I Liga e, mais concretamente, do Famalicão-FC Porto, que acabou com a derrota do clube portista e que teve a sua quota parte de polémica.

Em artigo de opinião na Tribuna Expresso, o ex-árbitro faz alusão ao lance de Pepe na primeira parte, que fez “explodir” as redes sociais, tendo sido alvo de uma peça no jornal espanhol As.

Para Duarte Gomes, esse momento fez relembrar momentos do futebol, que já estavam contidos há alguns meses, face à pandemia da covid-19, e que “a sede do choradinho” estava à espera de “explodir boca fora”.

“Não sei se tiverem essa noção, mas quando Nuno Almeida errou no lance de Pepe, o mundo virtual explodiu. Teve uma espécie de "orgasmo artificial", que parecia estar contido há meses”, afirma o ex-árbitro.

Ao mesmo tempo, Duarte Gomes revela que os adeptos do futebol vêm no futebol um grande motivo de interesse, mas que ele só é notado quando o seu clube é prejudicado ou se outro emblema é eventualmente beneficiado.

“O futebol é o ópio do povo, mas só dá pica quando o povo se sente injustiçado. E o povo só se sente injustiçado quando vê o benefício dos outros, esquecendo-se de todos os que também teve”, afirma o ex-árbitro.

Criticando a “memória seletiva” dos adeptos de futebol, Duarte Gomes considera que lhes soube bem “esses momentos de glória”.

No entanto, o antigo árbitro revela que não sentia saudades deste “forrobodó” no futebol português, deixando uma crítica ao mesmo e a quem consome o produto.

“Que saudades que eu tinha deste forrobodó. Só que não. O ‘povo’ entretém-se assim, porque pensa que o futebol entusiasmante é isto”, salientou.

Por fim, Duarte Gomes lamenta que as pessoas pensem que o jogo só tem piada quando a conversa é em relação a “ladrões” ou “roubos de igreja”, indicando que se “mantém o circo” no futebol português.