Dois golos de Vítor Gomes, o segundo um golaço, confirmaram a presença histórica do Aves no Jamor. O sonho da equipa do terceiro escalão do futebol português ruiu no prolongamento quando as forças nas pernas trairam o enorme coração com que os pelicanos emprestaram ao jogo. No final da partida, a tristeza e as lágrimas tomaram contas dos jogadores do Caldas SC, em contraste com a equipa avense que festejou o feito inédito, mas também cumprimentou e consolou o adversário. Foi bonita a festa, mas verdade se diga o Aves mereceu a ida ao Jamor. A razão do jogo esteve sempre do lado do Aves, contra um Caldas que seguiu o coração mas só chegou ao golo através de um lance infeliz de Jorge Fellipe.
Num ambiente de festa, a fazer lembrar um minijamor, o Caldas SC entrou na partida com coração, disputando cada lance como se fosse o último, mas sem conseguir chegar com perigo à área do Aves. Teve duas ou três situações em que conseguiu projetar-se para o ataque mas Quim não fez nenhuma defesa na primeira parte. Os primeiros minutos foram de forte intensidade, com as duas equipas a optarem pelo passe longo, abdicando de um jogo de posse. Houve pouca bola no chão, pouca circulação, e raríssimos foram os lances de perigo nas duas balizas.
O Aves teve sempre o jogo controlado na primeira parte e conseguiu algumas aproximações à área do Caldas, sobretudo através dos remates de Nildo, e do cabeceamento de Guedes, aos 32 minutos, naquela que foi a melhor oportunidade de golo em toda a primeira parte. De referir, porém, que o Caldas jogou com as armas que tinha: agressividade na recuperação de bola e velocidade nas transições, sob a batutra de um irrequieto Felipe Ryan, mas faltaram sempre as oportunifdades de golo para empatar a eliminatória.
O Aves surgiu melhor no início da segunda parte, a ganhar os lances a meio-campo e a chegar com mais perigo à área do Caldas. Seria num lance infeliz de Jorge Fellipe que o Aves sofreu o primeiro golo, ficando a eliminatória empatada. Aos 55 minutos, na sequência de um livre de Juvenal na esquerda, a bola é colocada na área, onde Jorge Felipe tentou o alívio e acabou por marcar na própria baliza.
No Campo da Mata, a eliminatória estava empatada e até ao fim do tempo regulamentar, assistiu-se a uma forte reação do Aves. José Mota lançou Braga, as linhas do Aves subiram, Vítor Gomes passou a jogar mais à frrente e a equipa avense começou a apertar o Caldas, com Baldé pelo lado direito a levar a equipa para a frente. Com os laterais, Nélson Lenho e Rodrigo, cada vez mais projetados, a subirem no apoio ao ataque, as situações de golo sucediam-se, mas na baliza do Caldas estava o gigante Luís Paulo.
No prolongamento, a superioridade fisica do Aves veio, naturalmente, ao de cima. Aos 97 minutos, o Aves voltou a estar em vantagem na eliminatória: canto de Lenho, Jorge Fellipe cabeceou e a bola sobrou para Vítor Gomes, que só com Luís Paulo pela frente, na pequena área, atirou a contar. O Caldas precisava agora de dois golos para passar para a frente da eliminatória mas as pernas já não correspondiam ao apelo do coração. E no reinício do prolongamento, Vítor Gomes assinou com um golaço a presença histórica do Aves no Jamor. A lei do mais forte imperou na Mata. Prémio justo para o Caldas a ida ao prolongamento. Enquanto teve forças bateu-se como um gigante e ninguém pode retirar o brilho da campanha da equipa das Caldas da Raínha nesta edição da Taça de Portugal.