Portugal
O bocadinho que falta a Podence para marcar golos
2017-10-25 20:00:00
Carlos Xavier diz que falta "egoísmo", ao passo que Morato lembra o sucedido com Gelson e... Cadete

"Podence é um jogador que assiste bem o avançado, mas não tem golo e tem de começar a tê-lo!" A frase de Jorge Jesus após a grande exibição do pequeno avançado (1, 62m) frente ao Desportivo de Chaves levou o Bancada a tentar perceber o que falta ao dianteiro para "ter golo nos pés". Da falta de egoismo à melhor capacidade de discernimento na hora de decidir são várias as razões apontadas por antigas glórias do Sporting para que Podence possa explodir definitivamente de leão ao peito. E dão como exemplo o caso de Gelson e de... Cadete.

"Ser um pouco mais egoísta na hora da decisão é o que falta ao Podence", refere Carlos Xavier, sublinhando: "Tem de acreditar que tal como a facilidade com que assiste para golo, também ele tem condições para concretizar. É um jovem com grande capacidade de inventar lances e só tem de pensar mais nele. É bom que pense no coletivo, mas neste aspeto tem de focar-se mais nele para fazer mais golos."

No atual contexto, o antigo capitão leonino considera Podence fundamental em termos estratégicos, como sucedeu no último jogo, aspeto que foi salientado por Jorge Jesus. "Mudámos a nossa dinâmica de jogo no aspeto do posicionamento tático, pois achei que para este jogo era importante ter outros jogadores no centro. Pensei e trabalhei sempre com o Podence e disse-lhe logo que ia jogar, para se preparar", afirmou o treinadir, explicando a aposta no jovem talento, de 22 anos. "É um elemento fundamental na manobra atacante", diz Carlos Xavier. "Com as caracterísiticas que tem, com um centro de gravidade muito baixo, que dificulta a ação dos defesas, Podence é uma clara mais valia."

Outra antiga glória dos leões, Morato, lembra ao Bancada o que aconteceu com Gelson. "Jorge Jesus sabe trabalhar como ninguém os jogadores. Já dizia o mesmo do Gelson e esta temporada ele já faz golos. Começou a vir para o meio e a rematar com os dois pés, mudando da direita para a esquerda no sentido de fletir com mais facilidade para o meio e as consequências estão à vista."

O sucedido com Jorge Cadete também é recordado como exemplo por Morato. "Era extremo-direito, foi emprestado ao Vitória de Setúbal e acabou por tornar-se num goleador. Era tipo um Fernando Mamede do futebol que, depois, aprendeu a rentabilizar as suas qualidades e a fazer golos. O mesmo pode suceder com Podence e é nesse sentido que Jorge Jesus está a trabalhar com o jogador. O Rui Barros tinha 1,61m e era o jogador que era. O Podence tem 1,62m e tem as suas características muito particulares. Não é um jogador de basquetebol e só precisa de melhorar o discernimento na hora de rematar à baliza. De discernimento e de sorte."

Depois da fratura na mão que o fez ficar afastado dos relvados durante mais de um mês, Podence regressou em grande e nem Bas Dost ficou indiferente à qualidade do futebol apresentado. "É um jogador fantástico. A forma como me meteu a bola para o segundo golo é fantástica. Voltou de lesão e mostrou as qualidades que tem."

O internacional holandês confidenciou, aliás, uma história curiosa quando viu o pequenino extremo pela primeira vez. "Fiquei muito surpreendido com o Podence. Ele estava no Moreirense, mas vejo pouca televisão, não o conhecia. Um dia, quando cheguei ao treino, perguntei a quem estava ao meu lado quem era aquela criança e o que estava a fazer ali. A sério! Perguntei o que estava ali aquele baixote a fazer", contou, sublinhando: "Depois percebi logo que se trata de um jogador fantástico, que quer ter sempre a bola na procura da melhor solução. Ainda vai ser muito melhor."