Portugal
"O Benfica, quando vai para a Champions, não vai jogar com o Aves ou o Paços"
2020-05-29 19:20:00
José Mota comenta falta de competitividade das equipas nacionais nas provas europeias

José Mota, um dos mais experientes treinadores portugueses, afirmou que os clubes portugueses que participam em provas europeias têm dificuldades em "se adaptar à realidade".

Numa entrevista à Bola na Rede, o técnico que levou o Paços de Ferreira à Taça UEFA usou como exemplo a participação do Benfica na última Liga dos Campeões (duas vitórias, um empate e três derrotas na fase de grupos).

"O Benfica, quando vai para a Champions, não vai jogar com o Aves ou o Paços de Ferreira. Tem de perceber que vai jogar com equipas que estão na Champions com todo o mérito e que se preparam para lá chegar", sustentou.

De acordo com José Mota, as equipas portuguesas estão "a dar uma imagem banal no futebol europeu", com a agravante da mesma não corresponder à verdade, "porque o nosso futebol tem muita qualidade".

"Atualmente, perdemos com equipas de leste com muita facilidade. Isto não era assim", atirou, recusando que a vertente financeira seja utilizada como desculpa.

"Há 10 e 15 anos também existia a vertente financeira, nunca deixou de existir. Temos é que entender que muitas vezes temos de jogar para o resultado. Se aqui o Benfica e as outras equipas grandes têm de adotar um sistema muito ofensivo, lá fora tem de se jogar como o Mourinho", frisou.

"Há que perceber que, muitas vezes, temos de jogar para o resultado. Daqui a uns anos ninguém se lembra como se jogou, mas lembram-se do que se ganhou", reforçou.

O técnico que criou o 'jogar à Paços' e foi elogiado pela pressão asfixiante por Louis van Gaal, após a eliminatória europeia com o AZ Alkmaar, insistiu que mesmo as melhores equipas precisam de saber adaptar-se ao adversário.

"Mesmo as grandes equipas, quando percebem que o adversário está numa fase boa, baixam o bloco e não se expõem em demasia", complementou.

Muitas vezes, as equipas portuguesas tentam jogar 'de igual para igual' perante oponentes bem mais cotados. Um erro, no entender de José Mota.

"Se o adversário é melhor eu tenho que me adaptar. Quando se sabe que são superiores não é menosprezo por ninguém, é sinal de inteligência. Se tenho um lateral muito ofensivo mas vou jogar com o Cristiano Ronaldo vou meter esse lateral? Tenho é que meter um que se preocupe com o Cristiano Ronaldo", exemplificou.

Um conselho de quem, há anos, transformou a Mata Real no "terreno mais difícil" para os grandes, como assumiram, entre outros, Jesualdo Ferreira, Toni e o próprio José Mourinho, como contou José Mota.