Portugal
"Nunca tive muitas esperanças que Palhinha pudesse jogar", confessa Amorim
2021-01-31 18:45:00
Treinador do Sporting garante que não conta com o médio para o dérbi de segunda-feira

O treinador do Sporting, Rúben Amorim, revelou que não incluiu João Palhinha na preparação do dérbi de segunda-feira com o Benfica, apesar dos leões terem recorrido para o Tribunal Arbitral do Desporto em busca da despenalização do médio.

"Era incapaz de retirar o jogador que treinou hoje [na posição de Palhinha]. Para mim, é adquirido que Palhinha não vai jogar. O jogo foi preparado desta forma, já ando aqui há algum tempinho e percebo que [processo de despenalização] não vai ser assim tão rápido", afirmou o técnico, na conferência de imprensa de antevisão do encontro.

Logo no início da conferência, o treinador assegurou que a ausência de Palhinha não preocupa os leões, apesar de ser "um jogador importante".

"Tem características muito específicas que não se encontra no plantel, mas iremos lá de outra forma. Quem jogar, terá outras características, de certeza que vamos perdemos no confronto físico, na capacidade de luta, na capacidade de construir, que não se fala tanto mas tem evoluído muito. É um jogador muito rotinado nessa posição. Os jogadores que jogarem vão ter de dividir funções, o que dará outro estilo e se calhar será uma surpresa boa. Não estou nada preocupado, é uma pena ficar de fora, é importante para nós, mas temos jogadores para fazer face a essa ausência", comentou Amorim.

Em caso de vitória, o Sporting deixa o Benfica a nove pontos de distância, mas o treinador garantiu que esse cenário não significa que as águias estejam de fora da luta pelo título.

"Nada fica decidido amanhã, ainda nem entramos na segunda volta. Há muitos jogos, muitas equipas boas. A última vitória do nosso último adversário [Boavista] foi contra o Benfica, por 3-0", lembrou.

"[Em caso de vitória], ganhamos mais três pontos e o Benfica perde três, isso não dá o título ao Sporting. Dá confiança, é mais um jogo a vencer, sendo um jogo importante. É especial, não é um jogo qualquer, mas não retira o Benfica da rota do título", insistiu Rúben Amorim.

O Sporting tem registado dificuldades nos confrontos diretos com os rivais, mas o passado "não tem influência", até porque os leões atravessam "um bom momento". 

"São importantes para o crescimento, ganhar ajuda sempre, mas não vai ter influência. São equipas diferentes, ainda não defrontamos o Benfica, é um jogo com peso diferente dos dois lados. Já estive do outro lado e sei qual é esse peso. A equipa está a fazer um bom campeonato, estamos num bom momento, mas no futebol muda tudo muito rápido. Tivemos uma fase menos boa, com dois resultados menos positivos, agora estamos num bom momento outra vez. Vamos dar o máximo, temos a nossa estratégia, vamos fazer o nosso tipo de futebol, levar o jogo para o nosso estilo. A equipa vai estar preparada. Jogos com outras equipas não têm influência", considerou.

O Benfica vai subir ao relvado do Estádio José Alvalade sem Jorge Jesus, devido à covid-19, mas a ausência do treinador não deixa a equipa fragilizada. "Já nos aconteceu no início da época", lembrou Amorim.

"Desejo que o mister Jesus recupere. Se ele estiver presente, é sinal que está recuperado. Se não estiver, espero que recupere e teremos a segunda volta para nos encontrarmos. Desejo que ele recupere bem. Agora, a equipa do Benfica é muito forte, a equipa técnica não se ressentiu e não estará mais fragilizada por não ter o treinador Jesus. É sempre bom ter o líder junto aos jogadores, mas não será isso que vai mexer com o decorrer do jogo", sustentou.

Durante sete anos, o agora treinador do Sporting foi orientado por Jorge Jesus. No entanto, Rúben Amorim garantiu que não se sente um "aprendiz" do técnico do Benfica.

"Passei muito tempo com o mister Jesus como passei com outros. Aprendi muitas coisas, retive muitas coisas. Não vejo isso como mestre e aprendiz. Somos completamente diferentes e com personalidades completamente diferentes. Já disse numa entrevista que houve coisas que ficaram, como a exigência, adquirida ao longo de sete anos de trabalho. Mas somos totalmente diferentes, não há comparação possível", frisou.

Rúben Amorim foi também jogador do Benfica e encontra na atual forma de jogar da equipa de Jesus muito do que viu quando fazia parte do plantel encarnado.

"Fazíamos muito a saída a três e a forma como os centrais vão buscar os alas. Os alas jogam por dentro e quem dá largura são os laterais, um dos avançados descai para os lados, como o Darwin pela esquerda a fazer de Lima e Saviola. Retiro alguns posicionamentos, mas não mais do que isso porque o jogo evoluiu e os jogadores mudam a forma de jogar", analisou.

Questionado sobre a situação de Gonzalo Plata, colocado a treinar com a equipa B, o técnico explicou que a medida foi tomada com o objetivo de fazer do equatoriano "um grande jogador".

"É gestão de expetativas e de plantel. Ele tem 20 anos, acontece muita coisa na sua vida e tentamos ver o que é melhor para o jogador. Às vezes é subir, descer, ter uma conversa ou não com ele. Ele tem muito talento, mas para ser grande jogador tem de fazer algo mais", explicou.