Portugal
Nunca pensámos que isto fosse assim...
2018-09-17 22:25:00
Um empate talvez não ficasse nada mal.

Alguém esperava que um Estoril-Feirense, para a Taça da Liga, fosse dos jogos mais interessantes do fim de semana? Pelos 800 espetadores presentes, quase ninguém. Alguém esperava que um jogo parco em oportunidades de golo fosse um jogo muito giro de se ver? Difícil de acreditar. Alguém esperava que se visse Guardiola na Amoreira? Ninguém. Tudo isto aconteceu na vitória do Feirense, frente ao Estoril, por 2-1, em jogo do grupo D da Taça da Liga.

Em traços gerais, o Estoril pareceu ter um futebol de melhor qualidade, mas o Feirense, muito eficaz e adulto a controlar o jogo, fez valer o estatuto de I Liga. Um empate talvez não ficasse nada mal.

Guardiola na Amoreira?

A partida começou logo com o golo do Estoril, aos 10 minutos, num penálti convertido por Kléber. Mas não se pense que aquilo caiu do céu, com as equipas ainda a adaptarem-se ao jogo. Nada disso. O penálti surgiu porque a pressão alta – e mais do que alta, extremamente coordenada –  do Estoril obrigou os defesas do Feirense a falharem uma execução técnica que obrigou o guarda-redes a fazer penálti. Não foi obra do acaso.

A primeira parte mostrou um Estoril com uma ideia de jogo muito interessante e para já, convém dizer que Luís Freire, apontado como treinador da moda, está mesmo na moda. Parece que anda a ver o Manchester City, usando, na Amoreira, um sistema tático assimétrico, “à Guardiola”, e uma saída de bola diferente do habitual: o lateral direito baixa para fazer uma linha de três jogadores e o lateral esquerdo projeta-se no corredor. Depois, vê-se enorme variedade: ora os dois médios baixam para dar uma solução, ora os centrais tentam que fazer a bola entrar em Vigário, ora os dois médios abrem e arrastam adversários, para haver espaço na zona central e, assim, haver espaço à verticalização direta nos apoios frontais de Kléber ou Roberto. Muito interessante e muita variedade. Ainda assim, apesar da qualidade e das ideias interessantes, faltou mais capacidade de definir bem. Boa Morte, na direita, abusou dos cruzamentos “sem olhar” e os dois avançados tiveram pouca bola, exceto quando baixavam em apoio.

Aos 22 minutos, o primeiro golo do Feirense surgiu de um canto conquistado, mais uma vez, de uma falha técnica de um adversário. O Feirense, também a tentar pressionar alto – embora sem o fazer em bloco, abrindo espaço para transições atrás da primeira linha de pressão –, acabou por ser mais objetivo na hora de definir os lances. E mais eficaz, também. O Estoril pareceu ser mais capaz com bola, como já dissemos, mas o Feirense, já perto do intervalo, aproveitou mais um canto para chegar à vantagem. Marcou Briseño, jogador que é um espetáculo dentro do espetáculo, pela forma como festeja cada intervenção. Não sendo totalmente justo, premeia a boa reação à desvantagem e, claro, a eficácia.

Valeu pela primeira

Na segunda parte houve pouco futebol. O Feirense entrou a pressionar de forma mais coordenada – menos espaço atrás da primeira linha de pressão – e condicionou o futebol de qualidade que se tinha visto no Estoril. A equipa lisboeta teve mais dificuldades e, com o passar dos minutos, fruto do cansaço, foi adormecendo na partida.

A entrada de Dadashov – bons pormenores – trouxe alguma capacidade junto à área, mas a postura mais defensiva do Feirense acabou por “matar” o jogo, que caminhou até ao final sem grandes motivos de interesse.

Valeu pela bela primeira parte, pelas ideias muito interessantes do Estoril e pela postura adulta e experiente de um Feirense tranquilo e eficaz.