Portugal
"Nunca irei entender as expulsões de Amorim e Carvalhal”, diz Cajuda
2021-01-24 20:25:00
Técnico fala em “perseguição" dos árbitros aos treinadores e lembra um exemplo do ex-árbitro Duarte Gomes 

Manuel Cajuda teceu fortes críticas a Tiago Martins, árbitro da AF Lisboa que apitou o encontro de ontem, entre Sporting e SC Braga, da final da Taça da Liga. 

Não, não vou entrar nessa história de que os árbitros são sempre os piores num jogo. Se marcou ou não uma falta (justa ou injusta), nem se o VAR errou ou não”, enquadra o treinador, recusando discutir matérias que só devem ser analisadas por especialistas em arbitragem. 

Porém, Cajuda é um especialista no seu ofício e a experiência como treinador ensinou-se que a lei do bom senso deve sempre imperar. “Fiz jogos mais que suficientes para perceber que a sua missão é sempre complicadae muito mais complicada quando não se sabe utilizar a melhor lei da arbitragem. A lei do bom senso”, realça ainda. 

E segundo entende faltou essa prerrogativa, a do bom senso, ao juiz da partida. Cajuda lembra que, no jogo entre leões e arsenalistas, em virtude das condições climatéricas, “o estado do terreno iria proporcionar lances difíceis de ser analisados ao segundo”. 

Porém, realça, “os dois treinadores não disputaram nenhum lance, não utilizaram os cotovelos nem os punhosTambém não rasteiraram nem se agrediram fisicamente. Talvez tenham utilizado a língua num vernáculo que, na era dita moderna, já ninguém põe a mão na boca ao ouvir”, ironiza. 

Por muito que me queiram explicar, por muitos desenhos que me façam para me ajudar a entender, nunca, mas nunca irei entender as expulsões de Rubem Amorim e Carlos Carvalhal”, realça o técnico.  

Manuel Cajuda admite que os dois treinadores possam ter errado, mas, segundo diz, “se quisermos ser justos, ao fim de uma época, para não dizer ao fim de uma carreira, os árbitros erram muito mais do que os treinadores. 

Dirigindo-se a Tiago Martins, Cajuda aponta uma série de erros: “Senhor árbitro, é impressionante ver pessoas que lutam por direitos, igualdade, respeito e dignidade utilizar armas de desrespeito. Senhor árbitro, nada é mais desprezível que o respeito baseado no medo. Senhor árbitro, arrogância é uma característica de um indivíduo que carece de humildade, que se sente superior aos outros 

“Personalidade forte e elegância são, na verdade, uma combinação rara. É como a inteligência: não se compra nas Feiras. Senhor árbitro, o senhor não precisa de enxergar os outros como malvados e colocar-se como vítima inocente”, prossegue. 

O modo como foi mostrado o cartão, por parte de Tiago Martins, também merece um reparo. “Segundo sei (posso até estar errado), a Lei diz que na mostragem de cartões, os ‘malvados' devem ser isolados para boa identificação e frontalmente admoestados e não com uma volta ‘Olímpica’ com o cartão no ar como o senhor fez”, acusa. 

Foi simplesmente lamentável a forma como o senhor colocou fora do trabalho dois parceiros de desporto”, complementa, antes de citar um exemplo, que ocorreu com Duarte Gomes, antigo árbitro. 

"Num determinado jogo, eu ofendi de forma grosseira Duarte Gomes. Ele escutou, suportou e dirigiu-se-me com elegância e disse-me: ‘Senhor Cajuda, este não é o treinador de classe que estou habituado a admirar. A continuar assim, vou ter de o convidar a sair. E eu caí na realidade. Sentei-me e juro que senti vergonha de mim próprio. Ainda hoje digo ‘obrigado’ a Duarte GomesE aumentei o meu respeito, pelos meus parceiros de desporto”, refere. 

A terminar a sua opinião, divulgada nas redes sociais, Manuel Cajuda critica a Associação Nacional de Treinadores de Futebol. “Estranho o silêncio da ANTF na defesa dos seus filiados”, escreve, perante o que considera ser uma “perseguição cada vez maior por parte dos árbitros.