A PSP montou um cordão de segurança para a entrada dos arguidos no Tribunal de Instrução Criminal (TIC), no Porto, nos últimos dias, sendo que o dispositivo policial foi particularmente musculado no dia em que os arguidos, uns detidos e outros em liberdade, foram convocados para estar em tribunal para ouvirem as medidas de coação decretadas pelo juiz Pedro Miguel Vieira.
Alguns arguidos entraram de cara tapada, outros de rosto descoberto mas foi a entrada de Sandra Madureira, esposa do líder dos Super Dragões, que tem dado que falar, visto que à chegada desta destacada figura dos Super Dragões, a polícia fez um cordão de segurança que não permitiu que os jornalistas pudessem chegar perto de Sandra Madureira, ao contrário de outros arguidos.
Ex-inspetor da PJ estranha "calibre" do cordão de segurança da PSP para Sandra Madureira
Manuel Rodrigues, antigo inspector-chefe da Polícia Judiciária (PJ), disse que não tinha por objetivo chamar a atenção nas suas palavras para a situação mas não a poderia ignorar pela perplexidade que lhe causou aquilo a que assistiu na entrada do Tribunal do Porto.
"De facto, é difícil deixar passar em claro aquilo que assistimos", reconheceu o antigo inspetor da PJ, destacando que se viu alguém a chegar a uma diligência "quase com uma hora de atraso", mas não só.
"Porque a diligência estava marcada para as 16h00 e a senhora acaba por chegar em cima das 17h00 e assistimos a um cordão de segurança que parece... eu creio que nunca a primeira-dama do país teve um cordão de segurança deste calibre", referiu o ex-inspetor-chefe da Polícia Judiciária.
Manuel Rodrigues referenciou que estavam "oito a dez elementos da PSP" no dito cordão policial. "Mas porquê? A senhora corria risco de vida? Os jornalistas iam atacá-la? Iam atirar-lhe com alguma câmara? Isto não faz o mínimo sentido".
"Está tudo doido, no mínimo. Isto não faz um mínimo sentido"
Em declarações na CMTV, o antigo inspetor-chefe da PJ sublinhou que a PSP fez a proteção a "uma pessoa" que, alegadamente, "impedia nas Assembleias Gerais que fossem tiradas imagens das agressões que os Super Dragões ou elementos afetos aos Super Dragões praticavam sobre outras pessoas".
"Está tudo doido, no mínimo. Isto não faz um mínimo sentido", vincou Manuel Rodrigues, certo de que era compreensível um cordão de segurança para proteger "os jornalistas destas pessoas" e é algo que "faz todo o sentido".
"Nós vimos jornalistas a serem agredidos, até à pedrada logo no primeiro dia. Foi assim que isto começou", relatou Manuel Rodrigues, insistindo que não entendeu a forma como as autoridades fizeram guarda a Sandra Madureira.
"Uma arguida que se recusa a falar durante todo o tempo do interrogatório, que perante uma diligência chega com um atraso quase de uma hora, vem os advogados esperá-la à porta e tem um cordão de segurança que a acompanha até à entrada da porta? A mim, parece-me extremamente excessivo e não há justificação possível para uma situação destas, mas pronto."
Sandra Madureira ficou em liberdade mas com algumas medidas de coação, como apresentações frequentes nas autoridades e impossibilidade de estar em recintos desportivos onde jogue o FC Porto.
Ao contrário de Fernando Madureira, líder dos Super Dragões, Sandra Madureira teve autorização da justiça para regressar à casa da família, em Vila Nova de Gaia, aquela que para alguns é tida como uma "habitação social fantástica".