O ex-candidato à presidência do Benfica João Noronha Lopes saudou hoje o anúncio por parte dos órgãos sociais da realização de eleições no clube este ano, ainda que considere de forma tímida.
"Saúdo os órgãos sociais do Sport Lisboa e Benfica por admitirem a realização de eleições antecipadas. Ainda que o façam timidamente, denotam sensatez neste momento negro na vida do clube", refere o candidato derrotado nas últimas eleições por Luís Filipe Vieira, que anunciou na semana passada a autossuspensão do cargo, o qual passou a ser ocupado pelo vice Rui Costa.
Na curta nota, Noronha Lopes salienta que o "dar voz aos sócios é o único modo de legitimar uma direção, e o Benfica, em momento algum, pode temer a vontade dos benfiquistas".
"O próximo ato eleitoral será também uma oportunidade para voltarmos a honrar as melhores práticas democráticas. Essas implicam a existência de um regulamento eleitoral transparente, aprovado pelos sócios, que garanta condições de igualdade a todas as candidaturas e um ato eleitoral livre de quaisquer dúvidas. Aguardarei por esclarecimentos adicionais quanto a esta matéria", sublinha, acrescentando, porém, que ainda falta "um compromisso concreto quando à data do ato eleitoral, que deveria ser estabelecida desde já".
O Benfica vai realizar ainda este ano eleições para os órgãos sociais, anunciou hoje o clube em comunicado, após reunião da direção 'encarnada'.
"O presidente da direção, sr. Rui Costa, sublinhando a unanimidade de todos os vice-presidentes, informou o plenário que irá promover todas as diligências tendentes à realização de uma consulta aos sócios", pode ler-se na nota emitida pelo clube, após a reunião de direção.
Ainda de acordo com a nota, o ato eleitoral deverá ocorrer até ao final do corrente ano.
A recente crise no clube 'encarnado' iniciou-se quando Luís Filipe Vieira foi um dos quatro detidos numa investigação que envolve negócios e financiamentos superiores a 100 milhões de euros, com prejuízos para o Estado, SAD do clube e Novo Banco.
Vieira, que está em prisão domiciliária até à prestação de uma caução de três milhões de euros, e proibido de sair do país, está indiciado por abuso de confiança, burla qualificada, falsificação de documentos, branqueamento de capitais, fraude fiscal e abuso de informação.
Segundo o Ministério Público, o empresário provocou prejuízos ao Novo Banco de, pelo menos, 45,6 milhões de euros, compensados pelo Fundo de Resolução.
No mesmo processo foram detidos, para primeiro interrogatório judicial, o seu filho Tiago Vieira, o agente de futebol e advogado Bruno Macedo e o empresário José António dos Santos, todos indiciados por burla, falsificação de documentos, branqueamento de capitais e fraude fiscal.